Reunião no Parque Tecnológico da UFRJ coloca em pauta os desafios para a inovação no Brasil

Papel das universidades no fortalecimento do ambiente de inovação nacional foi evidenciado pelo reitor da Universidade

Por Bárbara Abreu – Fonte: www.ufrj.br

O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho, participou, na sexta-feira, 5/12, de uma reunião do Conselho Consultivo da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), realizada no Parque Tecnológico, na Cidade Universitária. Na ocasião, foram debatidos importantes temas relacionados ao campo da Ciência, Tecnologia e Inovação, tais como o panorama dos parques tecnológicos, das incubadoras e da atividade de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no Brasil. 

Em sua fala, o reitor Roberto Medronho destacou o papel das universidades no fortalecimento do ambiente de inovação nacional. Para ilustrar o potencial inovador da UFRJ, Medronho citou o desenvolvimento de um respirador por pesquisadores da Faculdade de Medicina, em parceria com a Coppe, durante a pandemia. O equipamento passou por todas as etapas regulatórias e chegou a ser utilizado em pacientes, mas não se transformou em produto comercial.

“Virou produto? Não. A pandemia acabou e a gente continua dependendo dos respiradores importados. Então essa questão da indústria, da cooperação com a indústria é absolutamente fundamental”, observou, ressaltando a urgência de uma maior integração com o setor produtivo. 

O reitor defendeu, ainda, o aprimoramento do modelo de financiamento à pesquisa no Brasil – apesar de considerar os editais atuais democráticos e indispensáveis. Propôs um novo modelo baseado em cooperação, no qual laboratórios e pesquisadores poderiam unir suas expertises para formar consórcios capazes de enfrentar desafios estratégicos para o país, especialmente aqueles ligados à agenda da Nova Indústria Brasil.

Durante a reunião do Conselho, Medronho também questionou o paradigma tradicional que vincula aquisição de equipamentos à produção de publicações científicas. Para ele, esse mecanismo melhora o currículo individual do pesquisador, mas gera pouco retorno real para a sociedade. “É preciso repensar esse modelo e orientar o financiamento para o impacto social e para o desenvolvimento nacional”, afirmou.

Os ambientes de inovação no Brasil

Um dos pontos altos do debate da última sexta-feira foi a apresentação da engenheira e presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), Adriana Ferreira de Faria, que apresentou um diagnóstico detalhado sobre o ecossistema brasileiro de ciência, tecnologia e inovação. 

Na ocasião, Adriana, que é também professora da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e diretora do Parque Tecnológico vinculado à instituição, compartilhou os resultados de um estudo que a Universidade desenvolve desde 2016 em cooperação com o MCTI, dedicado ao monitoramento contínuo dos parques tecnológicos e, mais recentemente, das incubadoras de empresas no país. 

De acordo com a engenheira, o Brasil permanece estagnado em indicadores internacionais: “O Brasil está na posição 52 do ranking global de inovação. E o mais grave é que, em 2011, estávamos em 47º. Ou seja, não apenas não avançamos – retrocedemos”, reforçou. Apesar do crescimento expressivo no número de titulados e da maior participação em publicações científicas, esses avanços não se refletem em inovação.

Diante desse cenário, Adriana enfatizou o papel estratégico dos ambientes promotores de inovação como intermediadores fundamentais entre universidades, empresas e governo. Parques tecnológicos, incubadoras, aceleradoras e Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) são, segundo ela, estruturas capazes de transformar conhecimento científico em impacto econômico – desde que recebam o apoio institucional e financeiro necessário para operar de forma sustentável. 

“A lei obriga as universidades a terem políticas de inovação, mas não existe orçamento para isso. Parques tecnológicos e incubadoras simplesmente não fazem parte da matriz orçamentária federal”, apontou.

Posse aos novos membros

No mesmo encontro que debateu os desafios à inovação no Brasil, a Finep empossou os novos membros do seu Conselho Consultivo, dentre os quais está o reitor da UFRJ, designado como representante da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

Presidido por Luiz Antônio Elias, o Conselho Consultivo da Finep reúne representantes de ministérios, agências, entidades científicas, empresariais e do corpo funcional da instituição, atuando como um espaço estratégico de orientação, diálogo e construção coletiva das políticas de fomento à inovação no país.

O presidente da Finep, Luiz Antônio Elias, e o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, que tomou posse no Conselho Consultivo da agência pública | Foto: Sonia Toledo