Principais aliados contra a COVID-19, alguns modelos de máscara geram dúvidas e demandam cautela durante sua utilização
Por Igor Soares – Fonte: www.ufrj.br
A pandemia de COVID-19 mudou vários hábitos do nosso dia a dia: aumento da frequência de higienização das mãos, isolamento social e, principalmente, uso de máscaras. Esse costume — comum em países asiáticos que já seguem uma etiqueta respiratória — se tornou uma das medidas mais acessíveis no combate à pandemia, mas ainda gera muitas dúvidas em relação ao modelo mais adequado e à forma correta de utilizá-lo.
Hoje há uma enorme variedade de máscaras disponíveis no mercado — de tecido, cirúrgica, PFF2, de acrílico, de tricô, com/sem válvula —, e é natural que fiquemos confusos sobre qual é a melhor alternativa para se proteger. Com objetivo de esclarecer possíveis dúvidas, o Conexão UFRJ ouviu as pesquisadoras Patrícia Rocco, Fernanda Cruz e Marcella Rocco — integrantes do Laboratório de Investigação Pulmonar (LIP), do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ) —, além de Lisandra Risi, do Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Saúde em Emergências e Desastres (Gepesed), da Escola de Enfermagem Anna Nery (Eean/UFRJ).
Para entender a importância da máscara, também é fundamental compreender a principal forma de transmissão do Sars-CoV-2, responsável pela COVID-19. O vírus, que tem em média 150 nanômetros de tamanho, se espalha principalmente por meio de gotículas e aerossóis expelidos quando falamos, tossimos, espirramos ou mesmo respiramos. Até pouco tempo atrás, a Organização Mundial da Saúde (OMS) hesitava em reconhecer a transmissão aérea, mas seu novo entendimento indica que o vírus pode permanecer suspenso no ar, sobretudo em ambientes fechados ou com pouca ventilação.
Frequentemente ouvimos falar das gotículas — partículas líquidas que, quando expelidas, podem percorrer distâncias curtas e se alojar em superfícies, contaminando-as. Como são maiores (mais de 5–10 micrômetros) e mais pesadas, geralmente ficam no ar durante pouco tempo e tendem a cair no chão.
Já os aerossóis são partículas muito menores que as gotículas (em geral, têm menos de 5 micrômetros) e, portanto, mais leves. Com isso, a tendência é que o vírus aerossolizado fique suspenso no ar por mais tempo: em torno de 3 horas em ambientes fechados e pouco ventilados. Um estudo publicado em maio de 2020 na revista Science concluiu que uma pessoa contaminada com COVID-19, ao falar alto, pode gerar mais de mil partículas de aerossóis — o suficiente para liberação de mais de 100 mil partículas virais de Sars-CoV-2.
O toque em superfícies contaminadas — como maçanetas, corrimãos e compras —, seguido pelo contato com olhos, boca e nariz, também continua sendo uma forma de contágio, mas pesquisas recentes têm apontado que a principal via de transmissão do vírus se dá pelo ar. Por isso, as máscaras são fundamentais.
Então, como se proteger?
Apesar de repetitiva, a orientação nunca foi tão necessária quanto agora: use máscaras — e da forma correta. Utilizá-las é, além de um ato de proteção individual, um gesto de civilidade e respeito com o outro. As máscaras criam uma barreira física que impede a proliferação do vírus. Ou seja, elas diminuem a chance de você inspirar partículas contaminadas e, ao mesmo tempo, de outras pessoas se contaminarem caso você esteja infectado, mesmo sem saber. Assim, seu uso em larga escala pode baixar drasticamente a carga de vírus circulante na comunidade.
Um estudo recente feito pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) comparou a eficácia de 227 máscaras comuns no Brasil em relação à filtragem e respirabilidade. De acordo com a pesquisa, o modelo que se mostrou mais eficaz no teste foi a máscara PFF2 — capaz de filtrar 98% das partículas de aerossóis. Em seguida, estão as máscaras cirúrgicas, com 90%. Também há destaque para as máscaras confeccionadas com TNT [tecido não tecido, um material obtido por meio de liga de fibras e polímeros], cuja eficácia variou de 80 a 90%. Por fim, estão as máscaras de tecidos diversos, que apresentaram valores entre 15 e 70%, a depender do material utilizado. As máscaras de algodão, por exemplo, umas das mais comuns no país, apresentaram uma média de 40%.
Outro, realizado pela Universidade de Cambridge, indicou que tão importante quanto o material utilizado na confecção da máscara é o ajuste adequado ao rosto do usuário. A pesquisa revela que uma máscara mal-ajustada, com brechas nas laterais e próximas à região do nariz e do queixo, pode ter sua eficácia consideravelmente reduzida. Dessa forma, um modelo de alta performance (como uma PFF2, por exemplo), se utilizado incorretamente, pode oferecer um desempenho inferior ao de uma máscara de tecido.
Tipos de máscara
Hoje, no Brasil, três modelos têm destaque: as PFF2, as cirúrgicas e as caseiras, confeccionadas com tecido. Segundo as especialistas, o que as diferencia, basicamente, são o grau de filtragem e a capacidade de vedação no rosto. Por isso, o uso adequado depende da situação.
PFF2/N95
Primeiramente é importante destacar que as nomenclaturas PFF2 e N95 podem ser utilizadas como sinônimas. O termo N95 corresponde a uma classificação adotada pelos Estados Unidos, enquanto aqui no Brasil a denominação ficou PFF2, que significa “peça facial filtrante”. Esses modelos, também chamados de respiradores, possuem uma capacidade de filtragem maior que as máscaras cirúrgicas e as de tecido e são as mais indicadas para situações de maior risco. Podem ser encontradas em lojas de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e, por serem produzidas em escala industrial, precisam ser certificadas por órgão competente — nesse caso, com o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia(Inmetro) e o número do Certificado de Aprovação (CA).
As máscaras PFF2 lembram o formato de uma concha e possuem cinco camadas de diversos materiais — entre elas, uma com tratamento eletroestático. Segundo as integrantes do Laboratório de Investigação Pulmonar, essa sobreposição de camadas, somada à alta capacidade de vedação, oferece uma proteção maior contra gotículas e, principalmente, aerossóis, já que são capazes de filtrar 94 a 95% das partículas infectantes. Elas são, portanto, mais anatômicas em comparação com outros modelos — o elástico de fixação é preso em dois pontos (acima da cabeça e próximo ao pescoço) e há presença de clipe nasal para um ajuste mais adequado ao rosto do usuário, minimizando os espaços por onde o ar poderia passar sem ser filtrado. Embora os fabricantes recomendem que sejam utilizadas apenas uma vez, em função da pandemia é possível reutilizá-las, desde que fiquem em local arejado por 3–7 dias entre os usos, já que não são laváveis.
As pesquisadoras lembram que no início da pandemia, quando houve escassez de EPIs, as PFF2 eram itens preciosos que foram resguardados para profissionais de saúde na linha de frente. No entanto, hoje, com a demanda restabelecida, o incentivo ao uso de modelos reforçados é justamente para evitar ao máximo o contato com as partículas virais.
“Conforme a disponibilidade dessas máscaras aumentou, bem como as evidências que falam a favor de seu uso, defendemos a todos os indivíduos o uso consciente dessas máscaras em situações de maior exposição, como em ambientes fechados, pouco ventilados ou com elevada quantidade de pessoas — em transporte públicos, salas de aulas ou locais onde pessoas acabam ficando sem máscaras, como em restaurantes.”
Tanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quanto a OMS ainda recomendam o uso de máscaras PFF2 apenas para profissionais de saúde, valorizando, para a população em geral, alternativas caseiras que seguem critérios específicos. A despeito disso, em função da presença de novas variantes mais transmissíveis e do cenário de agravamento da pandemia, têm crescido iniciativas que visam cobrar das autoridades o incentivo à produção e distribuição gratuita de respiradores mais eficientes para a população, como parte de uma política pública — a exemplo dos movimentos PFF Para Todos e Qual a Máscara. A cobrança já fez com que algumas prefeituras passassem a indicar o uso da máscara em ambientes fechados ou com pouca ventilação. É o caso do município do Rio de Janeiro, que aprovou, em primeiro turno, um projeto de lei pelo uso de máscaras PFF2/N95 em repartições municipais. Essa é, inclusive, a orientação em alguns países europeus para situações de maior risco, como no transporte público ou comércio.
“Seria muito bom o apoio do governo do estado e federal na distribuição de máscaras seguras. É uma maneira simples, barata e eficaz de se proteger contra a COVID-19. Devido à maior oferta e disponibilidade dessas máscaras, seu preço reduziu bastante, e elas se tornaram uma alternativa acessível e interessante. Logo, o governo deveria investir em sua distribuição. Quanto mais investirmos em prevenção, menos pessoas se contaminarão, menos pessoas ficarão doentes e menos vidas serão perdidas”, completam as integrantes do LIP.
Segundo informações da Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho (Animaseg), a fabricação brasileira de máscaras PFF2 triplicou durante o período de um ano, tendo, atualmente, 62 empresas certificadas para a produção do item — o que implica uma capacidade autossuficiente de fabricação de 45 milhões de unidades por mês. Raul Casanova, diretor executivo da Animaseg, garante que o setor tem capacidade instalada para aumentar ainda mais a produção. “Temos indústria nacional para oferecer esse tipo de produto no Brasil, inclusive com matérias-primas brasileiras”, destaca.
Com a popularização desses respiradores, muitos usuários têm relatado a venda de modelos similares, como a KN95, como se fossem PFF2. Com elásticos presos às orelhas, o modelo chinês também apresenta, em teoria, cinco camadas para filtragem. No entanto, como sua fabricação não é padronizada — o que dificulta o controle de qualidade —, é mais fácil falsificá-lo. No final de 2020, a Anvisa divulgou uma relação de fabricantes de máscaras não são recomendadas nesse contexto.
Máscara cirúrgica
A máscara cirúrgica é produzida industrialmente a partir da sobreposição de camadas de materiais específicos, como o TNT SMS para uso hospitalar. Com isso, é capaz de filtrar gotículas maiores, porém tem eficiência limitada contra aerossóis. No início da pandemia, também era recomendada apenas para profissionais de saúde durante a realização de procedimentos específicos. Hoje, no entanto, com uma capacidade maior de produção, a máscara cirúrgica é alternativa melhor que a máscara de tecido, mas menos eficaz que o modelo PFF2.
Descartável, ela apresenta material capaz de filtrar partículas menores com mais eficiência que os tecidos comuns, já que possui três camadas, sendo a do meio de material filtrante. A presença do clipe nasal permite a melhor adequação ao contorno da área do nariz, minimizando frestas e aumentando a proteção. Alguns modelos, porém, podem permitir maior evasão de ar pelas laterais por serem pouco anatômicos, dependendo do formato de rosto de algumas pessoas. De acordo com orientações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças [CDC na sigla em inglês — órgão regulador do sistema de saúde dos Estados Unidos da América], é possível melhorar essa evasão a partir de nós nas alças, no local em que elas se juntam à borda da máscara. Podem ser utilizadas em situações de menor risco.
Máscaras de tecido
As máscaras de tecido são as mais utilizadas no Brasil. Esses modelos são confeccionados artesanalmente com tecidos não médicos. Como são máscaras caseiras, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) propõe a observação às diretrizes de segurança para a confecção, com medidas específicas e lista de materiais que devem ser usados, pois já foram testados conforme padrões sanitários. Mesmo com as orientações, apresentam níveis de proteção variados.
Segundo a norma, recomenda-se que as máscaras caseiras tenham três camadas: uma de tecido não impermeável na parte frontal, outra respirável no meio e, por fim, uma de tecido de algodão na parte em contato com a superfície do rosto. Os tecidos mais adequados normalmente têm uma trama bem compacta, que, apesar de dificultar a passagem de gotículas, pouco protege contra aerossóis — a exemplo do tricoline. Normalmente os elásticos para fixação no rosto são presos às orelhas e há ausência de clipe nasal, o que demanda um esforço maior para mantê-la bem-ajustada ao rosto, com o mínimo de evasão de ar pelas laterais e perto dos olhos. Essas máscaras podem ser lavadas e reutilizadas — no entanto, é necessário observar as recomendações da Anvisa, que determinam, no máximo, 30 lavagens.
Após o aumento do número de casos com as variantes dos vírus em nosso país, o Ministério da Saúde passou a indicar o uso de duas máscaras ao mesmo tempo: uma cirúrgica e outra de tecido por cima. Essa recomendação se baseou em um estudo que mostrou que a utilização das máscaras de forma conjugada se mostrou mais eficaz no controle da disseminação de partículas do que os modelos usados isoladamente.
“A utilização de duas máscaras pode melhorar a eficiência de filtração, especialmente se uma máscara cirúrgica for colocada sob uma máscara de pano. Entretanto, é importante verificar o ajuste das máscaras se quiser se proteger de forma adequada contra o vírus da COVID-19. A proteção extra acarretada pelas duas máscaras se dá pela adição de mais camadas de tecido, mas também pela eliminação de lacunas ou áreas mal ajustadas”, dizem as pesquisadoras do LIP.
Outra alternativa para aumentar a eficiência das máscaras caseiras, segundo Lisandra Risi, é a inserção de um elemento filtrante em celulose — geralmente utilizado e vendido como filtro de café. Em março de 2020, no contexto do desabastecimento de equipamentos para profissionais de saúde, o Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Saúde em Emergências e Desastres (Gepesed), da Escola de Enfermagem Anna Nery, passou a abordar a confecção de máscaras de tecido com essa tecnologia. O estudo foi publicado na Revista Enfermagem Uerj.
“Os testes em laboratórios habilitados por órgão de controle apresentaram resultado satisfatório frente aos ensaios de permeabilidade do ar. A barreira de filtragem mostra-se acessível à população e, ainda, sem prejudicar o meio ambiente devido ao elemento filtrante ser biodegradável, tendo como foco a sustentabilidade neste momento de pandemia”, explica.
Principais cuidados
Além de utilizar as máscaras adequadas, é necessário fazer isso corretamente. A pesquisadora do Gepesed observa que os equívocos em relação ao uso das máscaras podem aumentar os riscos de infecção — máscaras apoiadas no queixo, pessoas com o nariz de fora, modelos largos ou desajustados no rosto, tecidos úmidos etc.
Lisandra Risi explica que a função principal da máscara é cobrir as saídas e entradas do Sars-CoV-2 no organismo. Por isso, nunca se deve deixar os lábios e as narinas expostos. “As máscaras servem como barreira. Assim, quem está contaminado vai espalhar em quantidades muito menores as gotículas com o vírus ao falar, tossir ou espirrar, e quem não estiver contaminado também terá proteção contra essas gotículas, que terão menos chances de adentrar as vias áreas ou mucosas.”
Segundo a pesquisadora, um erro comum é tocar diretamente a parte frontal da máscara ou puxá-la para baixo, apoiando-a no queixo. O ideal, neste momento, é higienizar as mãos e manuseá-la apenas no cadarço ou no elástico, evitando ao máximo encostar na parte externa. Risi também lembra que se a pessoa vier a abaixar/levantar a máscara com frequência, isso pode aumentar as chances de tocar a parte frontal e se contaminar.
“Se for necessário retirar a máscara por pouco tempo, não se deve puxar para baixo. Primeiramente, porque vai se encostar na parte externa do tecido, a qual pode estar contaminada. Além disso, há um risco de a máscara se inverter ao ser reposicionada no rosto — ou seja, a parte externa pode virar e ficar em contato com a pele, justamente próxima às mucosas”, explica.
Outro erro comum é que muitos usuários ficam sem máscara quando frequentam um espaço compartilhado, sobretudo com pouca ventilação — estabelecimentos comerciais, bancos e transportes públicos —, levando-as ao rosto apenas a partir do momento em que outra pessoa passa a ocupar o mesmo ambiente. Segundo Risi, por conta da transmissão aérea, as máscaras devem ser utilizadas durante todo o tempo, mesmo para quem já tomou as duas doses da vacina.
“Os aerossóis permanecem infecciosos ao longo do tempo e podem percorrer distâncias por meio correntes de ar, sendo inalados por indivíduos suscetíveis que não tiveram contato face a face ou nem sequer estiveram no mesmo lugar que algum indivíduo contaminado”, diz a pesquisadora.
Para além desses aspectos técnicos, a docente ressalta que é necessário considerar também as questões de ordem comportamental. Em geral, ainda é possível encontrar no país uma conduta descuidada em relação ao uso correto das máscaras: “Isso tende a ser agravado pelo comportamento dissonante dos governantes, que se deixam ver publicamente sem as máscaras, produzindo descrença e descuidado sobre as medidas protetivas”.
Máscaras inadequadas
Apesar das recomendações, alguns modelos de máscara têm se destacado negativamente nas ruas. Por não serem adequados para conter o vírus, podem tornar ainda mais suscetível o usuário — que tem uma falsa sensação de segurança ao utilizá-los. Para as pesquisadoras do LIP, alguns modelos devem ser evitados por não oferecerem a proteção adequada.
– Máscaras de acrílico, batizadas por vendedores como M85, são ineficazes por dois motivos: o material não é capaz de filtrar o ar inspirado ou expirado e, além disso, o ar entra pelas laterais e não há adesão correta ao rosto, ambos fatores fundamentais para uma boa proteção. Os protetores faciais (ou face shields) não devem ser utilizados sozinhos, mas seu uso pode ser combinado com a máscara.
– Máscaras com válvula exalatória oferecem proteção para quem usa, mas não para as pessoas à sua volta, pois seu mecanismo se fecha quando o usuário inspira e se abre quando expira. Por isso, seu uso não é recomendado.
– Máscaras feitas com materiais com tramas muito abertas, como tricô ou crochê, não são capazes de oferecer a filtragem adequada. Em geral, esses tecidos são cheios de pequenos furos que permitem a passagem do vírus e não garantem segurança.
Cuidado com as fake news
Hoje, mais de um ano do início da pandemia, ainda circulam muitas notícias falsas sobre supostos malefícios em relação ao uso de máscaras: a exemplo de teorias de que seu uso prolongado poderia causar hipóxia (falta de oxigênio), ou mesmo intoxicação por gás carbônico (CO2).
Risi explica que os tipos de máscaras utilizadas no contexto desta pandemia visam impedir a inalação de aerossóis e gotículas emitidos por pessoas contaminadas. Segundo ela, o tamanho dessas partículas é grande, se comparadas às moléculas de CO2. As máscaras, portanto, possuem permeabilidade para reter o vírus, mas sem a capacidade de reter o gás carbônico.
“O uso de máscaras não causa nem hipóxia nem intoxicação pelo dióxido de carbono. O que a máscara pode produzir é uma sensação de calor, por ficar sobre a face, mas isso não é por retenção de CO2”, assegura.
A pesquisadora destaca, ainda, que alguns grupos específicos, como pessoas com autismo, podem apresentar desconforto ou dificuldade no uso de máscaras. Além disso, no caso de pessoas surdas que utilizam leitura labial, as dificuldades enfrentadas antes do coronavírus podem acabar se acentuando em plena pandemia. Mesmo aos surdos que se comunicam pela Língua Brasileira de Sinais (Libras), também se apresentam empecilhos — uma vez que a Libras, por ser uma língua espaço-visual, necessita de expressões faciais, que podem denotar emoções ou entonações específicas. “Essas questões também devem ser levadas em consideração ao utilizar a máscara”, completa.
Por fim, é importante destacar que nenhuma máscara oferece proteção 100% eficaz contra o Sars-Cov-2. Por isso, sua utilização deve ser combinada com outras medidas. É importante manter o distanciamento social, higienizar as mãos e estar sempre em locais ventilados, para reduzir a disseminação do vírus e proteger a saúde de todos. Se puder, fique em casa.