História

A criação do Centro de Tecnologia UFRJ

A história do Centro de Tecnologia UFRJ começa no final da década dos anos setenta do século passado, mas as Unidades hoje integrantes têm histórias e processos de formação próprios e algumas existiam antes mesmo do CT ter sido criado, como a Escola Politécnica.

Em 1967, com a edição de decretos-leis voltados para as Instituições Federais de Ensino, inicia-se a Reforma Universitária e o Decreto nº. 60455-A, de 13 de março de 1967, aprova o Plano de Reestruturação da UFRJ.

A publicação da Lei 5.540/68 e do Decreto-lei 464/69 consolidaram e estenderam a reforma para todos os sistemas de ensino. Entre os principais pontos da Reforma Universitária de 1968, destacam-se:

  1. O estabelecimento do Departamento como “a menor fração da estrutura universitária para todos os efeitos de organização administrativa, didático-científica e de distribuição de pessoal”, compreendendo disciplinas afins.
  2. A extinção do sistema de cátedras, ocorrendo o desmembramento das unidades existentes em Institutos e Faculdades, com funções diferenciadas.
  3. O Decreto nº. 66.536, de 06 de maio de 1970, aprovou o Estatuto da UFRJ, que criava os Centros.

 

Escola Politécnica

Em 1792 do século XVIII, a Escola Politécnica foi criada pelo vice-rei D. Luiz de Castro que assinou os estatutos da fundação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho e iniciando o ensino das disciplinas que viriam a ser a base da Engenharia no país, além de ter sida organizada como instituto de Ensino Superior desde sua criação.

Em 4 de dezembro de 1810, o futuro Rei D. João VI, assinou a lei que criou a Academia Real Militar, que substituiu a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho. Em 1812, a Academia Real Militar foi transferida para o Largo de São Francisco de Paula, no centro do Rio de Janeiro, e ocupou o primeiro prédio construído no Brasil para sediar um curso de Ensino Superior. A partir de 1966, o prédio foi ocupado pelos Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e de História da UFRJ.

Mais tarde, a Academia Real Militar passou a ser denominada Escola Militar e, em 1858, de Escola Central. O ensino nessa Escola oferecia três cursos distintos: um curso teórico de Ciências Matemáticas, Físicas e Naturais, um curso de Engenharia e Ciências Militares, e um curso de Engenharia Civil, o único não lecionado por militares e para atender os alunos civis, voltado para as técnicas de construção de estradas, pontes, canais e edifícios.

Quando a Escola Central se transferiu do Ministério do Exército para o Ministério do Império em 1874, passou a ser conhecida como Escola Politécnica e atendia apenas alunos civis e novas especialidades de Engenharia foram oferecidas. Até meados do século XX, os programas da Escola Politécnica eram um padrão para todas as escolas de Engenharia do país. Em 1937, o nome é trocado para Escola Nacional de Engenharia e, em 1965, já na Cidade Universitária, passou a se chamar Escola de Engenharia. Em 2003, volta a ser Escola Politécnica, o nome que lhe rendeu sua fama e prestígio no âmbito nacional e internacional.

A construção do Centro de Tecnologia UFRJ

Com a transferência da Faculdade Nacional de Arquitetura para a Cidade Universitária, começaram os debates sobre a nova sede da Escola Nacional de Engenharia, mas para tanto seria preciso construir laboratórios de alto valor tecnológico para atendê-la. Assim, optou-se por transferir os novos alunos para a Cidade Universitária, para que com a abertura de outras novas turmas, o número de alunos na nova sede crescesse paulatinamente.

No segundo semestre de 1960, o Escritório Técnico da Cidade Universitária da Universidade do Brasil (ETUB) recebeu recursos e contratou o engenheiro Isaac Kayat para coordenar os projetos e a obra de construção da sede da Escola Nacional de Engenharia na Cidade Universitária.

Devido as mudanças na grade curricular da Escola Nacional de Engenharia pela Reforma Universitária de 1960, o projeto foi refeito para atender as novas exigências do programa acadêmico. O projeto original feito pelo arquiteto Aldary Henriques Toledo, foi alterado pela arquiteta Adele Weber, e passou a prever oito Blocos, para uso de cada Departamento da Escola Nacional de Engenharia e o Bloco I para uso comum e interativo. Esta separação por blocos já antevia a transformação dos Departamentos em Institutos, o que aconteceu anos depois.

Para desenvolver os detalhes do novo projeto de arquitetura e de interiores foi designado o arquiteto João Correia Lima, que comandou uma equipe de arquitetos, engenheiros e desenhistas instalados no canteiro de obras. A urbanização e jardins foram projetados pela arquiteta Anna Montel, exceto o jardim junto ao Bloco B, que foi projetado pelo arquiteto Wilson Reis Netto.

Início das aulas da Escola Politécnica no Centro de Tecnologia UFRJ

No dia 1 de março de 1950, durante a aula inaugural da Universidade do Brasil, o professor Maurício Joppert da Silva, diretor da Escola Nacional de Engenharia, saudou a Cidade Universitária e disse ter grande expectativa a transferência da querida “Escola Poliythecnica” para a nova sede.

Em abril de 1962, o professor Rufino Pizarro congratula no Conselho de Centro a direção da Escola Nacional de Engenharia pela instalação no Bloco A da primeira turma no novo prédio na Cidade Universitária. Em 1963, foi instalada a segunda turma e o professor Ernani da Motta Rezende apresenta a infraestrutura para o funcionamento dos cursos de Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica e Engenharia Metalúrgica.

Somente no fim de 1964, após 154 anos de funcionamento ininterrupto no Largo de São Francisco, é concluída a transferência da Escola Nacional de Engenharia para a Cidade Universitária. A cerimônia de inauguração ocorreu no gabinete do diretor e professor Oscar de Oliveira com a presença do Reitor Pedro Calmon.

Em 9 de março de 1965, Castelo Branco, Presidente da República inaugurou as “Oficinas de Tecnologias Mecânicas” e o Gabinete do Diretor da Escola Nacional de Engenharia, sob intensa “ovação” dos alunos.

Em outubro de 1969, o conjunto de blocos onde funcionava a Escola Nacional de Engenharia passou a denominar-se Centro de Tecnologia, pelo professor Afonso Henriques de Brito, primeiro Decano Eleito, nomeado pela Portaria º 779, de 29.10.69, em substituição ao Decano Pró-Tempore, professor Antônio José da Costa Nunes.

Escola de Química

A origem da Escola de Química está associada ao início do ensino da Química no país a partir do fim da Primeira Guerra Mundial quando cientistas denunciavam o atraso dos conhecimentos químicos na França e Inglaterra em relação ao desenvolvimento da Alemanha. Com a repercussão do assunto no Brasil, o ensino de Química começou com disciplinas que serviam de apoio para os cursos de Medicina, Engenharia e Farmácia.

Em 1909, a criação do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio que passou a ser responsável pelas atividades voltadas para o setor químico no país impulsionaram de vez o setor no Brasil.

O primeiro curso oficial para a formação de Técnicos Químicos foi inaugurado em 1918. No ano seguinte, oito cursos de Química Industrial foram criados e contavam com laboratórios e o Curso de Química Industrial Agrícola, na Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária (ESAMV), situada na Alameda São Boaventura, em Niterói.

A Escola Nacional de Química (ENQ) foi criada em 1933 e assumiu a direção do Curso de Química Industrial da ESAMV que tinha a duração de quatro anos e contava com 12 disciplinas idealizadas pelo Prof. Freitas Machado, que anos depois veio a ser o primeiro diretor da Escola Nacional de Química.

Criada pelo Decreto Lei nº 23.016, de 28 de março de 1933, a Escola Nacional de Química então subordinada à Diretoria Geral de Produção Mineral foi incorporada à Universidade do Brasil pela Lei nº 452, de 5 de julho de 1937. E a partir de 1952 passou a ministrar o Curso de Engenharia Química. Depois de incorporada à Universidade do Brasil foi instalada na Avenida Pasteur nº 404, Praia Vermelha.

Em 1974, a Escola Nacional de Química transferiu seus cursos para o bloco F do Centro de Tecnologia, que dispunha de uma infraestrutura única de laboratórios e uma Planta Industrial Piloto, com unidades de Destilação, Tocadores de Calor, Central de Utilidades com Caldeira e Torres de Refrigeração, Sistema de Automação e Supervisão das Operações, em ambiente pré-industrial. A nova sede permitiu aos alunos terem contato direto com equipamentos e sistemas similares aos da indústria.

 Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe)

O Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) foi fundado em março de 1963, com o nome de Curso de Mestrado em Engenharia Química da Universidade do Brasil, que passou a ser chamada Universidade Federal do Rio de Janeiro a partir de 1965.

Criado pela iniciativa do professor Alberto Luiz Galvão Coimbra, com o apoio de alguns colegas pioneiros, o curso, em algumas décadas, deu origem à maior instituição de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina. Em 1967, a Coppe foi transferida para a Cidade Universitária e inaugurou os demais programas de pós-graduação: Engenharia Mecânica (1965), Engenharia Elétrica (1966), Engenharia Metalúrgica e de Materiais (1966), Engenharia Civil (1967), Engenharia de Produção (1967), Engenharia Naval (1967), Engenharia Nuclear (1968), Engenharia Biomédica (1970), Engenharia de Sistemas e Computação (1970), Planejamento Urbano e Regional (1971, atual IPPUR), Administração (1973, atual Coppead) e Engenharia de Transportes (1979).

A Coppe atualmente é um dos maiores centros de ensino, possui o maior complexo laboratorial de engenharia da América Latina, com mais de cem instalações de alto nível, nas quais transforma resultados de pesquisa em riqueza para o Brasil.

Conta com 13 Programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) e formou até 2019, 16.897 mil mestres e doutores.

Instituto de Macromoléculas Profª Eloísa Biasotto Mano (IMA)

A ideia de começar um grupo de pesquisa em polímeros surgiu pela primeira vez com a participação da profª Eloísa Mano na Bélgica numa reunião do Congresso Internacional de Química Macromolecular em 1967.

Em 1972, o grupo de pesquisa passou a constituir um Órgão Suplementar do Centro de Tecnologia UFRJ. Inicialmente, as pesquisas eram conduzidas nas instalações físicas, no 5º andar do prédio da Escola Nacional Química, no campus da Praia Vermelha, onde os alunos participavam das aulas práticas.

Com o apoio da FINEP, em 1973, foram obtidos recursos financeiros para a construção de um prédio, já que havia necessidade de transferir o grupo para o campus Cidade Universitária. O prédio do IMA, localizado no Bloco J do Centro de Tecnologia, ocupa cerca de 2.500m² de área construída, com laboratórios, salas de aula e de equipamentos, biblioteca, auditório, oficinas, em torno de um jardim central. A mudança para as novas instalações ocorreu no início de 1979.

O IMA é uma instituição de caráter inter e multidisciplinar, possui atuação nas áreas de Engenharias (Química, de Produção, Mecânica, de Materiais etc.), Farmacêutica, Química, Biomédica, Médica, entre outras, o que representa uma imensa diversidade de interesse em pesquisas, oferecendo oportunidades muito ampliadas para a mais completa formação de um profissional. O IMA é considerado referência nas áreas de Ciência e Tecnologia de Polímeros no Brasil e na América Latina.

Núcleo Interdisciplinar para Desenvolvimento Social (Nides)

Núcleo Interdisciplinar para Desenvolvimento Social (Nides) é o terceiro órgão suplementar do Centro de Tecnologia UFRJ e foi criado em 2013 e reúne diversas iniciativas que atuam pelo desenvolvimento da sociedade e buscar atender as demandas apresentadas pelo governo, movimentos sociais ou organizações comunitárias.

A partir da experiência de diferentes grupos, o Nides consolidou na UFRJ um movimento de construção de uma linha de extensão, pesquisa e ensino em Tecnologia e Desenvolvimento Social. Entre os vários projetos que se articularam estão o Laboratório de Fontes Alternativas de Energia (Lafae), Laboratório de Informática para Educação (Lipe), Laboratório de Tecnologia de Alimentos (NPTCA), Laboratório de Informática e Sociedade (Labis), Núcleo de Solidariedade Técnica (Soltec), Grupo de Educação Multimídia (GEM),  Muda UFRJ e UFRJmar.

O Nides tem o desafio de consolidar a articulação dos grupos envolvidos, de criar uma infraestrutura adequada à continuidade dos projetos atuais e de desenvolver um cenário favorável à abertura de novos projetos de pesquisa, ensino e extensão.