Projeto de extensão “Tem Menina no Circuito”, da UFRJ, ganha prêmio internacional da Nature

“Ter esse projeto premiado pelo grupo da Nature é algo que traz um reconhecimento muito grande dentro e fora da comunidade científica”, afirma Elis Sinnecker, coordenadora do projeto

Por Sthefani Maia – Fonte: www.ufrj.br

O projeto de extensão “Tem Menina no Circuito”, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi o vencedor do Nature Awards for Inspiring Women in Science de 2022, na categoria “Science Outreach”. Por meio dele, a revista científica Nature reconhece e celebra as conquistas de iniciativas voltadas para que meninas se interessem e permaneçam em áreas das ciências exatas. As professoras do Instituto de Física da UFRJ Elis Sinnecker, Tatiana Rappoport e Thereza Paiva, fundadoras do projeto, receberam o prêmio em Londres, em uma cerimônia no dia 11/10.

“A importância é única”, conta Elis Sinnecker. “Ter esse projeto premiado pelo grupo da Nature é algo que traz um reconhecimento muito grande dentro e fora da comunidade científica. Isso afeta também as escolas, a autoestima das alunas e das monitoras, que são estudantes de graduação.” O projeto começou em 2013 por meio de um edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para incentivar meninas e jovens a seguirem carreira nas ciências exatas. “Desde o primeiro dia da graduação, quando assistimos a uma aula de Física, chamou muito a atenção essa baixa representatividade de meninas na sala. Quando surgiu esse edital, me reuni com mais duas colegas do Instituto de Física, Thereza Paiva e Tatiana Rappoport, e vimos a oportunidade de fazer algo em relação a isso”, diz. Logo depois, em 2014, elas iniciaram as atividades no Colégio Estadual Alfredo Neves, em Nova Iguaçu, listado no edital do CNPq.

Desde então, as atividades vêm se expandindo pelo Rio de Janeiro e pelo Brasil. Em 2019, abriram uma filial em Uberlândia, Minas Gerais, em parceria com a professora Liliana Sanz, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Em solo mineiro, ela trabalhou com o ensino fundamental II (6º ao 9º ano). A partir de 2022, o “Tem Menina no Circuito” também fez parceria com professoras do Instituto de Matemática da UFRJ. Hoje, atuam em cinco escolas no Rio de Janeiro – onde duas também abrangem o segundo segmento do ensino fundamental – e na Baixada Fluminense, além da escola em Minas Gerais. “Quando entramos na escola, a primeira coisa que fazemos é apresentar o projeto na reunião de pais. Depois, vamos em todas as turmas fazendo oficinas e convidamos as meninas a participarem das atividades a serem desenvolvidas”, diz Sinnecker.

No preparo de oficinas, em atividades de divulgação científica em praça pública, atividades em museus e afins, o “Tem Menina no Circuito” aceita ajuda de qualquer estudante de graduação. Mas as visitas semanais às escolas são feitas somente por estudantes mulheres, monitoras do projeto. “Elas vão servir de modelo para aquelas alunas da escola. É interessante que as meninas se vejam naquela monitora e consigam enxergar ali um futuro próximo como aluna da UFRJ, por exemplo”, explica Sinnecker. E os benefícios são para todas. “Iniciativas como a nossa, que oferecem uma educação informal, com atividades práticas que misturam arte e ciências, servem para despertar o interesse e motivam essas alunas nos estudos. E acho que essas ações contribuem muito para diminuir a evasão escolar. Além disso, o projeto atinge alunas da Universidade, que são as nossas monitoras nas escolas. Essas atividades contribuem também para a permanência delas nos cursos de graduação.”

Os resultados do projeto de extensão ao longo de quase dez anos são notórios. “Uma menina da primeira turma, que foi do Colégio Alfredo Neves, participou do projeto, entrou para licenciatura em Física na UFRJ e, durante o curso, foi monitora do projeto na escola onde ela terminou o ensino médio. Ela fez um TCC relacionado ao ‘Tem Menina no Circuito’, se formou e hoje dá aula para o ensino médio. É um caso de muito sucesso”, conta Sinnecker. Assim como ela, outras meninas que participaram do projeto também buscaram cursos de graduação, sejam em áreas de Ciências Exatas, Humanas ou Biológicas. “Isso, para nós, é uma enorme alegria.”

As inscrições para participar do “Tem Menina no Circuito” estão abertas para estudantes da UFRJ que queiram ajudar nas atividades propostas pelo projeto. Basta acessar o sistema Siga, na Intranet.