Novos caminhos para a memória

Parceria entre UFRJ, Fiocruz, Ufes, Unila, MIT e Harvard busca compreender a perda cognitiva decorrente do envelhecimento

Por Carol Correia – Fonte: www.ufrj.br

O processo de envelhecimento traz diversas mudanças para o corpo humano. Entre as perdas mais significativas está o declínio cognitivo que impacta a vida e autonomia dos idosos. Uma pesquisa, publicada no Translational Psychiatry, da Nature, investiga como uma substância presente no sistema nervoso central atua na neurodegeneração.

Derivada de lipídios, a lipoxina A4 é produzida pelo sistema imune para resolver processos inflamatórios quando o corpo humano é afetado por problemas como infecções, por exemplo. Além disso, a substância também é importante para o corpo saudável, regulando importantes mecanismos nas sinapses no cérebro.

O estudo, realizado em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e o The Broad Institute da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), identificou que, com o passar da idade, tanto camundongos quanto pacientes idosos com demência possuem uma redução significativa da lipoxina A4 no cérebro – e correlacionou o achado a um grau de perda de memória. Para isso, os pesquisadores utilizaram desde culturas de células a organoides cerebrais (minicérebros criados em laboratórios), passando por modelos animais e amostras de líquor humano.

Mychael Lourenço, professor do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IBqM), explica que a pesquisa abre portas para compreender se a diminuição da produção da lipoxina A4 pode ser um fator de risco para processos neurogenerativos, tendo participação junto de outras moléculas em um painel de biomarcadores para demências.

“Explorar essa questão científica é importante, porque sabemos que o envelhecimento leva a processos inflamatórios e à perda de memória, mas não compreendemos exatamente os mecanismos por trás desses prejuízos. Estudos futuros também são necessários para se entender se a administração de lipoxina A4 poderia prevenir ou reverter quadros demenciais em idosos”, explica.

Leia mais sobre o estudo publicado no Translational Psychiatry.