Pesquisadora da UFRJ é anunciada como ministra de Gestão

Esther Dweck estará à frente da pasta que será criada após desmembramento do Ministério da Economia. Futura ministra conversou com o Conexão UFRJ

Por Victor França – Fonte: www.ufrj.br

A professora associada Esther Dweck, do Instituto de Economia da UFRJ, foi escolhida para ser ministra de Gestão do governo brasileiro a partir de 2023. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira, 22/12, pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que toma posse no dia 1º/1. O atual Ministério da Economia será dividido em quatro pastas: Fazenda, Indústria e Comércio, Planejamento e Gestão.

O Ministério de Gestão será criado “para melhorar a qualidade da gestão pública, racionalidade, buscar redução do custeio da máquina pública, buscar melhorar o uso da tecnologia na oferta de serviços públicos para a população”, explicou Rui Costa, futuro ministro da Casa Civil, no dia 17/12.

Dweck conversou com o Conexão UFRJ. “[O Ministério de Gestão] é uma pasta que lida com temas transversais ao governo, mas que se relaciona com os outros entes da federação e com a sociedade em algumas pastas”, disse. “O ponto principal é que ela é central à recuperação da capacidade de atuação do Estado”, adiantou.

Segundo a futura ministra, cinco secretarias serão centrais no Ministério:

  • Secretaria de Gestão;
  • Secretaria de Gestão de Pessoas e Relação de Trabalho;
  • Secretaria de Governo Digital;
  • Secretaria do Patrimônio da União e
  • Secretaria de Gestão Corporativa.

Ainda de acordo com Dweck, a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e o Arquivo Nacional também estarão sob o guarda-chuva do Ministério de Gestão.

“Na Secretaria de Gestão, duas áreas são prioritárias: a solução inovadora de gestão para problemas concretos dos ministérios na implementação de políticas públicas e a visão estratégica de compras públicas como instrumento de inovação e desenvolvimento produtivo”, afirmou a pesquisadora. Sobre a Secretaria de Gestão de Pessoas e Relação de Trabalho, Dweck afirmou que o governo vai “retomar a mesa de negociações com os servidores com a lógica de diálogo e valorização”.

A futura ministra trilhou sua carreira acadêmica na UFRJ: fez graduação, doutorado e, hoje, é docente da instituição. No doutorado, Dweck realizou, ainda, período-sanduíche no Laboratory of Economics and Management (LEM), da Scuola Superiore Sant’Anna di Studi Universitari e Perfezionamento, em Pisa, na Itália. Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Economia do Setor Público, a cientista econômica dá ênfase em seus estudos à economia do setor público, crescimento e desenvolvimento econômico. Sua trajetória acadêmica se pauta principalmente nos seguintes temas: regime fiscal e participação do Estado, crescimento liderado pela demanda, integração micro-macro, análises de insumo-produto e modelos de simulação. Entre junho de 2011 e março de 2016, a professora atuou no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (Mpog) no cargo de chefe da Assessoria Econômica (2011-2014) e como secretária de Orçamento Federal (2015-2016).

Além disso, o Conselho Federal de Economia (Cofecon) concedeu à Dweck o prêmio de Mulher Economista de 2021. “Não é um prêmio só para mim. É para uma luta coletiva, que representa pessoas muito engajadas na construção de um novo país”, disse, à época do recebimento da distinção.

A cientista integra, ainda, o grupo de Economia da Transição de Sistemas de Inovação Energética, ligado à Universidade de Exeter, no Reino Unido. A equipe global de pesquisadores com quem atua — do Brasil, Reino Unido, União Europeia, China, e Índia — usa métodos avançados das ciências da complexidade e economia para apoiar a tomada de decisões governamentais para facilitar uma rápida transição de baixo carbono. Ao se envolver com formuladores de políticas em grandes economias emergentes, o projeto quer contribuir para o desenvolvimento econômico das nações emergentes e apoiar o desenvolvimento sustentável globalmente.

Outros nomes anunciados

Além de Esther Dweck como futura ministra de Gestão, foram anunciados:

  • Fazenda: Fernando Haddad
  • Justiça: Flávio Dino
  • Casa Civil: Rui Costa
  • Relações Exteriores: Mauro Vieira
  • Defesa: José Múcio Monteiro
  • Relações Institucionais: Alexandre Padilha
  • Secretaria-Geral da República: Marcio Macedo
  • Advocacia-Geral da União: Jorge Messias
  • Saúde: Nísia Trindade
  • Educação: Camilo Santana
  • Portos e Aeroportos: Marcio França
  • Ciência e Tecnologia: Luciana Santos
  • Mulheres: Cida Gonçalves
  • Desenvolvimento Social: Wellington Dias
  • Cultura: Margareth Menezes
  • Trabalho: Luiz Marinho
  • Igualdade Racial: Anielle Franco
  • Direitos Humanos: Silvio Almeida
  • Indústria e Comércio: Geraldo Alckmin
  • Controladoria-Geral da União: Vinícius Marques de Carvalho

Outros 13 nomes serão definidos nos próximos dias para pastas remanescentes.