Evento reuniu representantes das esferas municipal, estadual e federal da Ciência e Tecnologia
Por João Guilherme Tuasco – Fonte: www.ufrj.br
O Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social (Nides), do Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ, completou dez anos. E, para comemorar a data, promoveu um evento nos dias 15 e 16/6 em auditório da Escola Politécnica. A programação contou com aula inaugural do Programa de Pós-graduação de Tecnologia para o Desenvolvimento Social (PPGTDS), mesas de debate, divulgação do vídeo institucional comemorativo, além de apresentações culturais da Companhia Folclórica do Rio/UFRJ e de indígenas Xondaro Guarani Mbya, da Aldeia Mata Verde Bonita. Estudantes do Colégio Estadual Professor João Borges de Moraes, do Complexo da Maré, explicaram suas atividades no programa de extensão LUTeS, oferecido pelo Nides, e apresentaram o impacto dele na questão ambiental e sanitária das comunidades.
O Nides oferece disciplinas para a graduação, além de realizar pesquisa e extensão, dando atenção aos saberes tradicionais e ao desenvolvimento social, assuntos que não faziam parte da formação acadêmica das engenharias do CT. Por isso, Eleonora Ziller, professora da Faculdade de Letras e do PPGTDS, ressaltou o caráter humano do Núcleo:
“Quando o Nides foi criado, eu dizia que ele era o coração de um Centro sem coração, e eu estou muito emocionada de ver uma mesa em que o Nides é o coração de um Centro, que tem coração, que pulsa, que está vivo, que quer participar e quer transformar.”
O evento reuniu autoridades dos governos municipais, estaduais e federais e representantes de movimentos sociais para discutir a reconstrução da ciência e tecnologia e a necessidade de políticas democráticas. A falta de continuidade na área foi uma das questões apresentadas.
Gilberto Carvalho, secretário nacional de Economia Popular e Solidária do Ministério do Trabalho e Previdência Social, ministrou a aula inaugural e destacou que os programas sociais têm passado “por um cruel processo de destruição”, segundo suas palavras.
Sônia Costa, diretora do Departamento de Tecnologia Social, Economia Solidária e Tecnologias Assistivas, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, celebrou a expansão orçamentária do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Aprovado integralmente, o fundo terá, pela primeira vez, dez milhões de reais disponíveis para investimentos nas áreas científica e tecnológica.
Guilherme Santos, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), destacou a importância de orientar as pesquisas científicas realizadas nas universidades para solucionar desafios sociais e terem aplicações práticas na realidade das pessoas. Para isso, é necessário definir planos para a área.
“Está faltando ter um projeto de país e sociedade. Aonde a gente quer chegar com a ciência e tecnologia e como a gente vai chegar?”, indagou Santos.
A inovação também foi assunto dos debates. Dani Balbi, deputada estadual e presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), enfatizou que a inovação no Brasil serve ao interesse privado e não valoriza as tecnologias para a sociedade. Arquimedes Paiva, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), disse que o Brasil não é protagonista na inovação visando ao desenvolvimento social, mas que as universidades conseguem cumprir esse papel. Marina do MST, deputada estadual, destacou o fortalecimento dos movimentos sociais pela troca de conhecimento e tecnologia com as universidades.
Professores homenageados
Luciana Correa do Lago, professora aposentada do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur/UFRJ), Eleonora Ziller, do PPGTDS e da Faculdade de Letras (FL/UFRJ), e Átila Freire, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), foram homenageados com placa comemorativa em reconhecimento aos trabalhos desenvolvidos no Nides, que tem caráter interdisciplinar.
Além deles, Walter Suemitsu, decano do Centro de Tecnologia, também foi homenageado. Ele foi o primeiro diretor do Núcleo e, atualmente, é professor permanente dele.
“Tudo isso não seria possível se não fosse o trabalho de todos: dos professores que ajudaram na construção do mestrado, os técnicos que vieram da decania e dos estudantes, é claro. A gente só chegou até aqui por causa desse trabalho coletivo que eu espero que continue no Nides”, afirmou o decano.