Entre as peças resgatadas, estão os afrescos de Herculano de Pompeia. Acompanhe a reconstrução do Museu Nacional, dois anos após o incêndio
Os pesquisadores do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentaram na última terça-feira (1º/9) o acervo resgatado da coleção Imperatriz Teresa Cristina que, entre outras peças, inclui os afrescos de Herculano de Pompeia.
Uma coletiva de imprensa on-line reuniu a reitora da UFRJ, Denise Carvalho; o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner; a coordenadora do Núcleo de Resgate de Acervos do Museu Nacional, Cláudia Carvalho; a arqueóloga do Museu Nacional Ângela Rabello e a coordenadora do Núcleo de Conservação do Resgate de Acervos do Museu Nacional, Neuvânia Ghetti.
História
A imperatriz Teresa Cristina de Bourbon chegou ao Brasil em 1843, aos 21 anos, já casada por procuração com o imperador Dom Pedro II. Ela trouxe na bagagem peças de escavações arqueológicas realizadas em Pompeia, Herculano e Veio, cidades próximas a Nápoles, no sul da Itália. Algumas delas eram presentes de seu irmão, Fernando II, e outras foram obtidas a partir de escavações orientadas por ela. Teresa é a grande responsável pela formação da coleção de Arqueologia Clássica do Museu Nacional, que ainda é a coleção greco-romana mais importante da América do Sul.
A coleção Teresa Cristina tinha cerca de 700 peças, entre artefatos em bronze, terracota, vidro e afrescos, produzidos entre os séculos VII a.C. e III d.C. Dentre eles, estavam vasos, estatuetas, amuletos, vasilhames, ânfora, panelas, objetos de uso pessoal, como caixas de joias, pulseiras e anéis, todos encontrados em escavações na região de Nápoles, nas colônias gregas ao sul da Itália e em Veios, perto de Roma.
Coleção resgatada
Após o incêndio do Museu Nacional, que ocorreu há exatos dois anos, algumas peças foram perdidas e danificadas. Dentre as peças resgatadas, estão as seguintes:
- Par de afrescos de Pompeia: ambos com temas marítimos, grifo e dragão marinhos com corpo de serpente, ladeados por dois golfinhos.
- Afresco de Pompeia: dois pavões empoleirados em candelabros estilizados e um quadro com uma paisagem.
- Afresco de Pompeia: cesto suspenso entre duas guirlandas e dois pássaros delicadamente pousados em ramagens.
- Cabeça feminina votiva.
- Lécito (vaso feminino).
- Lamparinas.
- Enócoa.
- Fíbula.
- Cratera.
Confira a galeria (clique para ampliar):
O Museu Nacional também conta com as parcerias internacionais. O governo alemão é um dos maiores apoiadores das ações de resgate e da reconstrução do Palácio, através do aporte de recursos fundamentais para esses processos.
Projeto Museu Nacional Vive
O projeto Museu Nacional Vive, iniciativa da UFRJ, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da Fundação Vale, tem apresentado avanços, especificados abaixo:
Paço de São Cristóvão
A primeira etapa das obras de restauro das fachadas e dos telhados será iniciada o quanto antes, até, no máximo, o início de 2021. As intervenções planejadas já foram aprovadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e serão executadas com recursos da iniciativa privada e, ainda, com o aporte de R$ 20 milhões da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
A obra de proteção dos ornatos e elementos decorativos das salas históricas do Palácio e do Jardim das Princesas será contratada em setembro.
Em outubro, será divulgada a proposta criativa do projeto de arquitetura e restauro do Museu Nacional. A avaliação contará com a colaboração de uma comissão julgadora, formada por representantes de instituições públicas, organismos internacionais e organizações sociais de referência para a preservação do patrimônio histórico e cultural.
Novo campus de pesquisa e ensino do Museu Nacional
O cercamento do campus anexo à Quinta da Boa Vista está em fase de conclusão. Novos módulos para guarda de acervos e de apoio à Biblioteca Central estão sendo instalados. O prédio administrativo deverá ser concluído em novembro.
Biblioteca Central do Museu Nacional
A previsão de contratação da obra de reforma e ampliação da Biblioteca Central é em outubro deste ano, com prazo de execução de 12 meses.
Mais ações estratégicas
O projeto Museu Nacional Vive coordena, ainda, o desenvolvimento da nova museografia e potencializa atividades de comunicação e diálogo com a sociedade.
Ainda neste mês de setembro, será lançada uma versão digital da exposição “Os Primeiros Brasileiros”. Nos próximos meses, serão lançadas a plataforma digital Museu Nacional Vive e uma pesquisa de público on-line.
Parcerias e sustentabilidade
Com apoio da Alerj, da bancada federal do Rio de Janeiro, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Ministério da Educação (MEC) e da Vale, o projeto Museu Nacional Vive é orientado pelos princípios da transparência e da participação e conta com a parceria de instituições como a Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN).
Orçamento
O orçamento total estimado é de R$ 371,8 milhões:
- reconstrução do Paço e jardins: R$ 257 milhões;
- campus de ensino e pesquisa do Museu Nacional: R$ 96 milhões;
- biblioteca: R$ 14 milhões;
- ações educativas/comunicação: R$ 4,8 milhões.
O valor já assegurado é de R$ 164 milhões, das seguintes fontes:
- Ministério da Educação (MEC): R$ 16 milhões;
- Alerj: R$ 20 milhões;
- BNDES: R$ 21,7 milhões;
- Vale: R$ 50 milhões;
- emendas parlamentares: R$ 56,3 milhões.
Cronograma geral
– Até o final de 2020:
- Início do desenvolvimento de projetos de arquitetura, jardins e museografia;
- início da obra de recuperação dos ornatos e elementos decorativos do Paço e Jardim das Princesas;
- início da obra de reforma e ampliação da Biblioteca Central;
- conclusão da obra de construção do prédio administrativo (novo campus);
- conclusão do cercamento do campus Museu Nacional;
- elaboração do projeto básico e executivo das edificações relativas à área acadêmica do Museu Nacional no novo campus;
- elaboração do projeto básico e executivo de prédios permanentes para abrigar os laboratórios de manuseio de coleções em meio líquido;
- licitação da construção de um módulo para instalação de um centro de visitantes, com 450m², para visitação escolar, com previsão de conclusão para o primeiro semestre de 2021.
– Previsão de reabertura parcial do Museu: setembro de 2022.
– Previsão de reabertura total do Museu: segundo semestre de 2025.
Documentário Resgates
Em setembro do ano passado, a Coordenadoria de Comunicação Social (Coordcom) da UFRJ lançou o documentário Resgates, que já conta com mais de 15 mil visualizações.
Sinopse: No interior do Palácio São Cristóvão, destruído pelo incêndio de setembro de 2018, acontece um trabalho árduo e minucioso de resgate de acervos. Entre memórias, sentimentos e o compromisso com a educação pública e a ciência no Brasil, estudantes e trabalhadores ligados à instituição se dedicam a dar continuidade a um símbolo cultural do país, o Museu Nacional.
Fonte: www.ufrj.br