O local contribuirá para o avanço nos estudos, por meio de inteligência artificial, de rochas retiradas dos campos de petróleo
A UFRJ inaugurou, na sexta-feira, dia 22/9, o Centro de Excelência em Rocha Digital (Cerd). Fruto de uma parceria entre a Coppe e a Petrobras, o centro é voltado principalmente para a análise de rochas, com o uso de Inteligência Artificial (IA). As análises serão realizadas a partir da produção de imagens de alta resolução de amostras retiradas de reservatórios de petróleo, incluindo os do pré-sal.
O professor do Programa de Engenharia Civil da Coppe Alexandre Evsukoff, coordenador do Cerd, diz que as análises dessas rochas serão cruciais para determinar a economicidade de um projeto, tornando possível prever se um reservatório produzirá o suficiente, economicamente. Durante o processo de análise, a equipe do centro utilizará inteligência artificial para a determinação das propriedades da rocha e, a partir dos modelos computacionais, poderá estimá-las com uma velocidade rápida, agilizando o trabalho de caracterização da rocha e do reservatório.
Durante a inauguração, o consultor em rocha digital do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) da Petrobras, Rodrigo Surmas, explicou que eles caracterizam as rochas oriundas do pré-sal e de outros reservatórios da empresa. Essa ação tem a perspectiva de aumentar a produção de óleo, além de outras novas perspectivas que surgiram, como os projetos voltados para captura de carbono, que visam reduzir os impactos ambientais relacionados às emissões de CO2. Agora, com a inauguração do Cerd, o processo ficará mais ágil porque será possível produzir a imagem tridimensional da rocha e, a partir dela, fazer simulações e aplicar algoritmos para melhor entender as suas propriedades. Dessa forma, a caracterização é mais ágil, além de possibilitar a redução das incertezas.
Cerd permitirá análises mais aprofundadas de rochas com o uso de IA
Os pesquisadores do Cerd utilizarão um equipamento de microtomografia, uma técnica que utiliza raios X para criar imagens em alta resolução do interior das amostras de rochas, por meio de tomografia e microtomografia computadorizadas. Isso permitirá análises mais detalhadas das características das rochas, incluindo sua estrutura interna, com o auxílio de inteligência artificial. Assim, será possível a criação de um banco de dados contendo categorizações das rochas. Tais informações são fundamentais, inclusive para ampliar o grau de certeza de haver petróleo em determinado poço e estimar o potencial de produção, através da comparação das características das rochas.
De acordo o professor Alexandre, o centro irá promover uma mudança de patamar na pesquisa e desenvolvimento em rochas digitais para o setor de petróleo e gás no Brasil. “A equipe multidisciplinar do Cerd pode contribuir de forma significativa para o avanço das pesquisas em rocha digital, não só por meio de análise petrofísica de imagens, mas também com estudos de litologias e texturas para o ajuste de modelos de inteligência artificial e o desenvolvimento de algoritmos de simulação em ambiente de computação de alto desempenho”, afirma o professor.
A análise petrofísica é uma abordagem que envolve a análise das propriedades físicas e químicas das rochas, com o objetivo de compreender suas características e comportamento. Isso inclui a identificação de minerais, porosidade, permeabilidade e outras propriedades relevantes para a exploração de petróleo e gás. Por outro lado, os estudos de litologias e texturas referem-se à investigação das diferentes formações e estruturas das rochas, permitindo a classificação e a descrição detalhada de sua composição e aparência.
A tomografia e a microtomografia computadorizadas de raios X em amostras de rochas retiradas dos campos de petróleo têm sido aplicadas extensivamente como ferramentas para auxiliar na determinação da geometria de fases e outros métodos para avaliação digital da estrutura da rocha. Alexandre diz que o potencial de aplicação de modelos de simulação e inteligência artificial em imagens de tomografia de rochas geram enorme demanda por infraestrutura laboratorial para realização de tomografias. Mas o custo do equipamento utilizado, sua complexidade e a necessidade de pessoal qualificado para operação e análise de resultados, dificultam a implantação deste tipo de solução. É exatamente para suprir essa necessidade que o Cerd foi criado.
“A conexão entre modelos de inteligência artificial e modelos de simulação também é um tema relevante e de pesquisa de ponta na área de rocha digital. Neste contexto, o projeto inova ao aplicar os resultados de simulação numérica como feedback para o ajuste de parâmetros do modelo de IA. Além disso, a implantação deste centro em uma universidade permite que os recursos possam também servir para a formação continuada de recursos humanos especializados nas diversas áreas envolvidas. A qualificação da equipe multidisciplinar que vem sendo formada na Coppe torna esse ambiente propício para a implantação desta iniciativa”, conclui o professor.
*Com informações da Coppe/UFRJ.