Pesquisas e conhecimento para recuperar o Estado do Rio de Janeiro

Lançado programa que pretende propor políticas públicas com base científica de dez instituições de ensino

Por Sidney Coutinho – Fonte: www.ufrj.br

Para deixar de ser como um livro intocado na estante, dez instituições públicas de ensino do Rio de Janeiro decidiram se unir para lançar, ontem (20/5), em evento na capital, um projeto que pretende se debruçar sobre as características e os desafios do estado e propor soluções, trazendo a realidade regional fluminense para o centro dos debates acadêmicos e da sociedade. É o Programa Permanente de Pesquisa sobre o Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com Roberto Rodrigues, reitor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e atual presidente Fórum de Reitores das Instituições Públicas de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Friperj), a proposta é ter as instituições reunidas em torno de um objetivo comum: “criar propostas com base científica dessas instituições, que têm aderência em todo o estado do Rio de Janeiro e propor políticas pública para serem debatidas pela sociedade”.

Políticos em nível federal e estadual do Rio, além de diversos cientistas e o presidente da Fundação de Amparo e Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), Jerson Lima, estiveram presentes no lançamento do programa que contou também com os reitores de quatro universidades federais (UFRJ, UFRRJ, UFF e Uni-Rio), duas estaduais (Uerj e Uenf), os dois institutos tecnológicos (IFF e IFRJ), Cefet e o Colégio Pedro II.

As instituições públicas de ensino superior do Estado do Rio de Janeiro, atualmente, possuem enorme capilaridade em todas as regiões do Estado. A ideia é, com base na expertise que essas instituições possuem e na sua presença em todo território fluminense, organizar um programa permanente de pesquisas para o desenvolvimento socioeconômico regional do Rio.

A criação de um site com indicadores fluminenses está entre as primeiras medidas a serem tomadas, de acordo com o pesquisador representante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mauro Osório. “Vai ser uma página pública em que toda a sociedade terá acesso. Tudo muito simples e acessível. Os pesquisadores, os jornalistas e quem mais tiver interesse em entender a situação do estado, do próprio município e da própria região vão poder fazer buscas”, informou Osório.

Cada uma das 10 instituições integrantes do Friperj indicou um pesquisador representante para, em parceria com a coordenação do Fórum, atuar para a organização do Programa Permanente de Pesquisa sobre o Estado do Rio de Janeiro. Mauro Osório, que também é o coordenador acadêmico do programa, fez uma apresentação para o público presente no auditório do Instituto Federal do Rio de Janeiro.

Segundo Osório, o Rio de Janeiro é o estado que mais perdeu participação no PIB nacional entre 1970 e 2021. “A crise se agravou em 2015, quando o Brasil gerou mais de 5 milhões de empregos e o estado perdeu 60 mil postos de trabalho. A taxa de desemprego para os jovens de 18 a 24 anos foi a pior no quarto trimestre do ano passado e também temos a pior taxa de mortalidade materna do país, superior ao da região Nordeste 74,52 a cada 100 mil nascimentos”, informou.

Para Osório, é preciso discutir essas questões para poder superá-las. Ele alertou que se nada for feito, o Rio de Janeiro poderá atrasar salários dos servidores e terá outros problemas. É preciso mudar um senso comum equivocado que, por exemplo, divulga que a maioria dos empregos no estado é de servidores públicos. “Eles são apenas 20% do total de empregos formais e precisamos trabalhar para esclarecer essa e outras questões”, afirmou.

A secretária municipal de Ciência e Tecnologia, Thereza Cristina de Lacerda Paiva, explicou que desde a gestão da antecessora, a professora da UFRJ, Tatiana Roque, já há no Rio o intuito de aproximar mais as universidades da gestão pública. “O estado tem muita competência em suas universidades que têm contribuído não só para o avanço da ciência, mas também de políticas públicas.Temos uma série de programas na secretaria, como o jovem cientista carioca, para que universitários atuem nas naves de conhecimento”, disse.

O reitor da UFRJ, Roberto Medronho, reconheceu que a universidade ao ser criada tinha a intenção de pensar o Brasil como um todo, mas ao longo dos anos esqueceu de dar atenção para o município e o estado onde ela fica. “Nessa gestão em que estou à frente, é preciso pensar mais e melhor o Rio de Janeiro. Juntos, todos nós resgataremos esse estado e faremos que o desenvolvimento econômico e social, (seja) voltado e focado aos mais vulneráveis”, afirmou ele durante o evento que pode ser acompanhado na íntegra no YouTube.