Iniciativa conta com parceria de universidades da China e da Índia e buscará dar uma resposta ao cenário desafiador causado pelas mudanças climáticas
Por Assessoria de Comunicação da Escola Politécnica – Fonte: www.poli.ufrj.br
Desenvolver um conceito de plataforma offshore multipropósito para a produção de água (via dessalinização de água do mar) e alimentos (por meio de aquicultura), a partir de energia renovável oceânica regional, para comunidades costeiras no Brasil, China e Índia. É o que propõe um projeto elaborado pelos professores do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da UFRJ Claudio Rodríguez e Paulo de Tarso, em conjunto com pesquisadores de universidades da China e da Índia, selecionado no dia 4 de setembro para receber apoio da 6ª Chamada Internacional BRICS-STI. Foram destinados aos pesquisadores brasileiros, através do CNPq, um valor de R$ 446 mil, dos quais 250 mil são para custeio e o restante para bolsas, ao longo de três anos.
De acordo com o professor Claudio Rodriguez, o projeto “Estratégias de Resposta para sistema água-energia-alimento de comunidades costeiras sob mudanças climáticas: Estudo de viabilidade de uma plataforma flutuante offshore multipropósito integrando dessalinização-energia oceânica-aquicultura” busca dar uma resposta sistemática e sustentável ao cenário desafiador causado pelas mudanças climáticas.
“As mudanças climáticas vêm impondo períodos de estiagem ou alagamentos cada vez mais frequentes, que dificultam a obtenção de alimentos e o acesso a água, principalmente das comunidades pobres e mais afastadas. Em países com litorais extensos como Brasil, China e Índia, muitas dessas comunidades estão localizadas ao longo da costa com recursos oceânicos potenciais, mas que permanecem inexplorados devido à carência de estudos ou projetos de viabilidade técnica ou à sua pouca atratividade comercial”, explicou o professor.
O trabalho será realizado em três etapas, sendo a primeira com foco na identificação de locais de interesse nos países envolvidos, para na sequência, avaliação o potencial energético das diferentes fontes de energias renovável oceânica (onda, vento ou solar) e determinação da mais adequada para cada local de operação. Já a segunda, o dispositivo de conversão de energia será especificado e a plataforma offshore será dimensionada junto com os sistemas de aquicultura e dessalinização, de acordo com os requerimentos e restrições de cada local. Nesta etapa, será feito o uso extensivo de ferramentas numéricas de simulação e otimização. Na terceira será realizada a prova de conceito experimental/validação da plataforma multipropósito em escala reduzida, nos laboratórios oceânicos disponibilizados pelas instituições participantes no projeto.
Para o professor Paulo de Tarso, o projeto representa uma oportunidade única de integração e complementação de conhecimentos nas áreas de energia renovável, engenharia naval e offshore e engenharia de processos (aquicultura, dessalinização).
“De fato, os grupos dos três países envolvidos apresentam fortalezas em áreas diversas entre si, precisando então interagir e se complementar para o sucesso do projeto. O grupo da UFRJ-Brasil tem grande experiência em projetos de pesquisa para o desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras na área de plataformas flutuantes offshore, bem como em sistemas de extração de energia eólica e de ondas. Já o grupo da China têm forte atuação no desenvolvimento de sistemas para aquicultura e energia solar e o grupo da Índia reúne pesquisadores com grande experiência na análise e instalação de dispositivos de extração de energia das ondas, estudos de otimização e viabilidade tecno-econômica. Portanto, espera-se que ao final do projeto as linhas de pesquisa dos grupos envolvidos se diversifiquem e continuem se estendendo para futuros projetos de cooperação e desenvolvimento científico”, completou o professor.