“Não é o momento de relaxarmos, precisamos estar atentos”. Roberto Medronho, pesquisador da UFRJ, faz alerta em vídeo sobre a pandemia
Por Victor França
Não é a manchete que gostaríamos de escrever. Mas… um milhão de vidas foram perdidas no mundo. Sim, um milhão. É muita gente, parece resultado de guerra até aqui. E, na verdade, é. A luta contra o coronavírus ainda não acabou e, enquanto a vacina não chega com sua bandeira branca, precisaremos estar vigilantes em território sempre bem-vindo: o do bom senso, o da cidadania, seguindo as recomendações das autoridades de saúde, ouvida a ciência – lave sempre bem as mãos, fique em casa, pratique o distanciamento social.
Não é o cenário que temos visto, no entanto. Bares cheios, praias lotadas, ônibus abarrotados, pessoas sem máscaras, distanciamento social desleixado. Um faz de conta que está tudo bem. Em contraposição, as taxas de ocupação nos leitos de UTI aumentam.
Os números atualizados constantemente por cientistas da UFRJ na página coronavirus.ufrj.br/covidimetro mostram que a população do Rio de Janeiro ainda precisa estar atenta. É a avaliação do pesquisador Roberto Medronho, coordenador do Grupo de Trabalho Multidisciplinar da UFRJ para Enfrentamento da COVID-19 e também diretor da Divisão de Pesquisa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ). Frequentemente na mídia, Medronho tem alertado: “Não é o momento de relaxarmos”.
É preciso cuidado. “As pessoas estão saindo como se não tivesse mais pandemia ou então como se nunca tivéssemos passado por um processo pandêmico”, observa. “Precisamos estar atentos, porque o vírus está aí, está contaminando muita gente. Nos hospitais, está voltando a se elevar o número de casos internados e as UTIs estão ficando com uma lotação muito acima do razoável, e isso pode trazer graves problemas para a saúde da população”, pontua.
Roberto Medronho, pesquisador da UFRJ, faz um alerta à população:
Estamos vivendo um momento muito delicado da pandemia no Rio de Janeiro. As pessoas estão saindo como se não tivesse mais pandemia ou então como se nunca tivéssemos passado por um processo pandêmico. A pandemia ainda não acabou.
Estamos vendo aglomeração nas praias, nos bares; pessoas promovendo festas. Muitas não estão usando as máscaras. Isto é necessário que se diga: que isso traz um risco muito grande de essa pessoa se contaminar. Como as aglomerações são fundamentalmente provocadas por jovens, eles podem até não evoluir para uma forma grave muito provavelmente, mas eles, estando contaminados, levarão o vírus da COVID-19 para os seus familiares. Esses, sim, tendo uma idade avançada ou comorbidade poderão evoluir para a forma grave da doença.
Nós, no atual momento, temos uma taxa de ocupação de leitos de UTI muito elevada. Isso significa que pode uma pessoa necessitar desse leito e não encontrar a vaga no momento em que precisa e evoluir para o óbito, sem ter sido internada no leito de UTI.
Precisamos também reduzir a aglomeração nos transportes públicos. Há necessidade que nós tenhamos uma maior disponibilização do transporte público para que essa aglomeração que estamos vendo reduza-se. Aquelas pessoas aglomeradas muito próximas umas das outras nos transportes públicos, mesmo usando máscaras… A efetividade da máscara se reduz muito quando as pessoas estão muito próximas.
Então nós precisamos manter aquelas velhas medidas para evitar contaminação do vírus da COVID-19: usar sempre as máscaras; evitar, de toda sorte, qualquer tipo de aglomeração; e lavar frequentemente as mãos. Essas medidas são as que nos protegerão contra a infecção da COVID-19 até a chegada de uma vacina eficaz e segura.
Não é o momento de relaxarmos. Precisamos estar atentos, porque o vírus está aí, está contaminando muita gente. Nos hospitais, está voltando a se elevar o número de casos internados e as UTIs estão ficando com uma lotação muito acima do razoável, e isso pode trazer graves problemas para a saúde da população.