Por uma ciência dinâmica e feminina

Projeto de extensão Dynamic Women incentiva a participação de meninas e mulheres nas áreas exatas

Por Tassia Menezes – Fonte: www.ufrj.br

Há quase dez anos, em dezembro de 2015, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o dia 11/2 como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A data marca a necessidade de olhar para políticas e movimentos que ofereçam mais oportunidades para que pessoas do gênero feminino se sintam capazes e bem acolhidas para atuar em diversas frentes em pesquisa e execução de ciências.

Isso porque os dados apontam que a desigualdade ainda é marcante quando se trata desse assunto: segundo a Unesco, apenas 33% da população global de pesquisadores é de mulheres. Além disso, quando se trata das áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (chamada de STEM em virtude da sigla em inglês), a maioria dos países ainda não alcançou a paridade de gênero. Apesar dos avanços – o relatório da Elsevier-Bori mostra que houve um aumento de 29% na participação feminina na ciência brasileira –, ainda é observado que a presença de mulheres diminui a produção de ciência conforme a carreira avança.

Diante disso, vendo que essa desproporcionalidade se mostrava mais evidente em profissões da área de exatas, a professora Luciana Salgado, do Departamento de Matemática, idealizou o projeto de extensão Dynamic Women, iniciado em 2019. Dedicado a pessoas que atuam a fim de promover uma maior notoriedade da participação feminina nas áreas de exatas, a  concepção central da proposta é a criação de modelos inovadores de empoderamento e capacitação que proporcionem às mulheres boas perspectivas, desde o ingresso na carreira em Ciências Exatas à visibilidade dos seus trabalhos científicos e suas carreiras profissionais.

Foto: Moisés Pimentel (SGCOM/UFRJ)

O projeto faz parte das iniciativas que buscam fortalecer o movimento por igualdade de gênero nas ciências e tem como objetivo principal promover e incentivar a participação feminina nas áreas de exatas, em particular na Matemática. Para isso, são desenvolvidas diversas atividades, como, por exemplo, iniciativas que divulguem, valorizem e orientem meninas e mulheres na carreira de pesquisa na área da Matemática, bem como a realização de oficinas temáticas ancoradas em conceitos de interesse das participantes de cursos técnicos, graduação e pós-graduação.

É importante ressaltar que o movimento não é exclusivo para quem tenha vínculo com a Universidade, sendo aberto para docentes, estudantes e demais pessoas interessadas no tema, independentemente da formação ou filiação. Para Luciana, o projeto tem efeitos principalmente em meninas e mulheres, mas até pessoas do gênero masculino também enxergam sua relevância, já que eles também podem e devem participar. “Por não ter consciência dos problemas reais que uma mulher passa para ser cientista apenas por ser mulher, muitos tratam do assunto como se fosse vitimismo, e é muito importante haver iniciativas que esclareçam o quanto esses problemas são reais e frequentes. Datas comemorativas têm esse poder de levantar essa discussão”, defende a coordenadora.