Participantes discutiram ações de gestão estratégica de pessoal voltadas para inclusão e qualidade de vida
Por Vitor Ramos – Fonte: www.ufrj.br
A Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizou na terça-feira, 23/9, o I Encontro de Gestão de Pessoas da UFRJ com o tema “Gestão estratégica de pessoal voltada para o usuário”. O evento aconteceu no Teatro Nelson Rodrigues, na Caixa Cultural Rio de Janeiro, no Centro da cidade. A iniciativa teve como objetivo promover a integração entre gestores e trabalhadores da área de gestão pessoal da Universidade, fortalecendo a cultura organizacional, o engajamento e a qualidade do ambiente de trabalho.
“Considero a gestão de pessoas no serviço público um dos pilares do desenvolvimento social e econômico do Brasil, essencial para o desenvolvimento da nossa nação. O trabalho no setor técnico-administrativo em educação é, na prática, invisibilizado. Muitas vezes, quando se fala da universidade, se fala do docente. Mas o docente, sem o técnico administrativo em educação, não faria o que faz. Então é essa integração de todos os servidores que faz com que nós sejamos essa potência institucional que somos”, afirmou o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, na abertura do encontro.
Durante o evento, foram realizadas duas palestras, além de falas de representantes da Caixa Econômica Federal e da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp). Os participantes também puderam acompanhar o documentário Caminhos: histórias do serviço público, dirigido por Daniel dos Anjos, além de uma apresentação da soprano Carolina Morel, e do pianista Daniel Sacramento, da Escola de Música da UFRJ.

“Buscamos discutir questões que atravessam a nossa vida profissional e saem do nosso cotidiano, mas que interferem diretamente na nossa qualidade de vida também. Por isso elegemos um tema tão sensível. Temos que entender as relações de trabalho como uma questão, e compreender que devemos discutir sobre como construir um ambiente de trabalho agradável e saudável”, disse Neuza Luzia Pinto, pró-reitora de Pessoal da Universidade.
UFRJ antirracista, diversa e não opressora
Como a gestão de pessoas pode contribuir para uma UFRJ antirracista, diversa e não opressora? Este questionamento foi respondido pela superintendente-geral da Sgaada (Superintendência de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade da UFRJ), Denise Francisco Góes, durante uma das palestras do encontro. Ela estava acompanhada por diretores de diferentes setores da superintendência, como Rita Gomes, da Diretoria de Acessibilidade (Dirac); Márcio Neves, da Diretoria de Gênero e Pertencimento (Digepe); Renato Albuquerque, da Diretoria de Admissão (Dirad); e Sandra Batista, da Diretoria de Relações Étnico-raciais (Direr).
“O nosso papel é propor uma gestão de pessoas que atenda aos interesses coletivos. Precisamos coletivizar o pensamento para construirmos ações que possam atender a toda a Universidade, um espaço onde todos sejam vistos, ouvidos, reconhecidos, representados e respeitados. É necessário que os gestores se formem em temáticas contemporâneas, em questões de raça, gênero, religiosidade, sensibilidade e diversidade”, ressaltou Denise.

Na palestra, os diretores dos setores da Sgaada destacaram a centralidade da inclusão e da equidade como princípios da gestão de pessoas na UFRJ. Enfatizaram os desafios da acessibilidade na instituição, o combate ao racismo, a importância de ações afirmativas e do letramento antirracista. Também apontaram desigualdades estruturais que atravessam a Universidade e defenderam a formação contínua e uma gestão de pessoas sensível à diversidade como caminho para uma instituição mais democrática e transformadora.
Ambientes de trabalho saudáveis
A integração entre os servidores e a busca por promover espaços de trabalho mais saudáveis de trabalho na UFRJ pautaram a segunda palestra, “Ambientes de trabalho saudáveis: desafios para a construção”, composta por Alessandra Sarkis de Melo, diretora da Divisão de Movimentação e Alocação (DVMA); Catiuscia Munsberg Carneiro, psicóloga da Seção de Atenção Psicossocial da Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST); e Natalia Limongi, diretora da Divisão de Acompanhamento das Relações de Trabalho (Dart).
Elas destacaram os impactos das movimentações e remoções na vida funcional e pessoal dos servidores e a necessidade de ampliar o cuidado com a saúde mental por meio da escuta ativa e de ações de acolhimento. Compartilharam ainda ações de enfrentamento a situações de assédio, violência e discriminação no ambiente de trabalho, além de reforçarem que a construção de um ambiente saudável passa pela valorização da diversidade, criação de canais de apoio efetivos e pelo compromisso institucional em promover relações de trabalho baseadas no respeito, na ética e na inclusão.
“É imprescindível que a gente tenha um ambiente de trabalho saudável, seguro, amistoso e livre de qualquer violência. As manifestações da violência, como assédio moral e outras violências nas relações interpessoais provocam impactos prejudiciais aos trabalhadores, como burnout, adoecimento físico e dores no corpo. Trazem impactos físicos e mentais para todos os trabalhadores. É importante que a administração das instituições se engajem nesse propósito, mas isso é responsabilidade de todo mundo que faz parte desse ambiente laborativo”, disse Natalia Limongi.

O evento contribui para o desenvolvimento de uma administração ética e comprometida com o bem-estar, a inclusão e a saúde mental dos servidores, segundo a vice-reitora da UFRJ, Cássia Turci: “A UFRJ é uma universidade com 105 anos de existência, que preza pela qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão. E para mim uma das coisas mais importantes é uma administração de qualidade. Em uma instituição que conta com 9 hospitais, 175 cursos de graduação, 136 programas de pós-graduação, mais de 2.200 ações de extensão, é normal que haja problemas. Mas tenho certeza de que com a dedicação de todos nós e com iniciativas como essa, vamos vencer essas barreiras”, afirmou Cássia.