Contaminação por COVID-19 aumenta no Rio de Janeiro

Atual taxa de contágio indica aceleração da doença na cidade e no estado

Por Carolina Correia

Após uma diminuição significativa de casos, o estado e a cidade do Rio de Janeiro vivem uma aceleração no contágio pelo coronavírus. Segundo nota técnica divulgada pelo Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da COVID-19, na quinta-feira (10/12), o Covidímetro aponta que a taxa de contágio da doença (taxa R) é, atualmente, de 1,45 na cidade do Rio de Janeiro e de 1,33 no estado.

Gráficos com estimativa da taxa de contágio no estado e na cidade do Rio de Janeiro. À esquerda, o gráfico mostra a situação estadual com a taxa em 1,33 (risco alto). À direita, a situação na cidade com taxa em 1,45 (risco alto).
Taxa de contaminação subiu no estado do Rio de Janeiro e na capital | Ilustração: GT/UFRJ

Segundo Guilherme Travassos, membro do GT e professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ), a curva de contágio passou por uma lenta queda durante os últimos meses. Porém, com a abertura total e a diminuição dos cuidados por parte da população, atingiu-se um novo pico.

“O aumento indica que a velocidade com que o vírus está se propagando aumentou, fazendo com que mais pessoas possam se contaminar a partir de um único indivíduo infectado. Diferentes eventos podem ter contribuído, mas o aumento de circulação e aglomerações pode ter ajudado bastante para que isso ocorresse”, explica.

Os gráficos presentes na nota técnica mostram um aumento sistemático em todas as áreas do estado, com destaque para a Região Noroeste – que abrange Itaperuna e Santo Antônio de Pádua –, com taxa de contágio de 1,65.  A Região Serrana – que inclui Petrópolis e Nova Friburgo – e a Região do Médio Paraíba – com Volta Redonda e Barra do Piraí – apresentaram, por sua vez, taxa R de 1,54.

O documento traz ainda uma série de previsões estatísticas sobre o crescimento nas próximas semanas epidemiológicas, levando em conta três cenários distintos. Com um isolamento total imediato, a curva seguiria em crescimento por apenas mais 7 dias, enquanto com um novo lockdown iniciado em 20 dias, a curva se manteria por mais 21 dias. Se nenhuma medida de isolamento for tomada, a subida deve se manter por mais 35 dias, com estimativa de mais de 760 mil casos sintomáticos no período.

Gráfico mostra curva de contágio no caso de isolamento total em 20 dias. Na imagem, percebe-se que a taxa, nesse caso, continuará crescendo por mais 21 dias, com estimativa de 670 mil casos sintomáticos no pico.
Simulações mostram alto índice de casos nas próximas semanas | Ilustração: GT/UFRJ

“A tendência é de aceleração e consequente aumento de casos, conforme indicado nas simulações, se nenhuma atitude for tomada pela população ou algum evento ocorrer para contribuir na redução dessa velocidade. Tais atitudes têm sido largamente divulgadas pelos especialistas da saúde, como uso intensivo de máscaras, álcool em gel, lavagem das mãos, evitar colocar as mãos na boca ou nos olhos, evitar lugares fechados, não realizar festas e manter distanciamento social, não aceitando aglomerações desnecessárias”, conclui.

O Grupo de Trabalho sugere uma série de iniciativas para o controle do novo pico, como a abertura imediata de novos leitos de enfermaria e Unidades de Terapia Intensiva; contratação emergencial de profissionais de saúde; aquisição de insumos para a assistência de pacientes; ampla realização de testes PCR, com isolamento de pacientes positivos; suspensão de eventos presenciais, como festas, e fechamento de praias; além do aumento e reforço da fiscalização dos estabelecimentos abertos. Os especialistas pedem ainda que, caso as iniciativas não surtam efeito, as autoridades voltem a analisar a possibilidade de novo lockdown no estado.

Confira o Covidímetro no hotsite do Coronavírus UFRJ.

Fonte: www.ufrj.br