UFRJ participa do Festival da Ciência na Nave do Conhecimento do Engenhão
Por Vanessa Almeida da Silva – Fonte: www.ufrj.br
As universidades públicas têm, além do papel de formação técnica e profissional, uma função social. Para cumprir essa função, um dos pilares dessas instituições é a extensão universitária. São as ações de extensão que promovem a troca de conhecimento entre a universidade e a sociedade em geral. Como forma de promover uma troca dialógica com a sociedade, a UFRJ participou, em 29/11, do Festival da Ciência, promovido pela Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro. O evento proporcionou ao público a oportunidade de explorar diversas descobertas científicas e entender mais sobre as atividades da Universidade.
A UFRJ apresentou, na Nave do Conhecimento do Engenhão, alguns projetos e ações de extensão, pesquisas e curiosidades sobre a produção científica. O encontro teve como objetivo a democratização e popularização da ciência, tecnologia e inovação, proporcionando um dia com muitas atividades. A programação contou com exposições, oficinas, palestras e rodas de conversa.
Renata Bastos, professora do curso de Gestão Pública da UFRJ, promoveu uma troca de experiências entre a disciplina que ministra e o público presente. Com a presença de extensionistas do projeto e banners explicativos, as pessoas tiveram a oportunidade de debater temas como Políticas Públicas do Cuidado e Sistema Único de Assistência Social e a Pandemia da Covid-19.
Michaely Alves é aluna do primeiro período de Gestão Pública na UFRJ e acredita que a função da extensão é “unir a sociedade com a universidade”. O projeto coordenado por Bastos conta com parceria com a Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Mulher (SPM-Rio) e desenvolve palestras, cursos e visitas dos participantes do projeto às Casas da Mulher Carioca — espaços de promoção de políticas públicas para mulheres oferecidos pela Prefeitura do Rio de Janeiro.
As atividades realizadas pelo Museu Nacional (MN) também foram representadas no evento. Estudantes e técnicos administrativos da instituição levaram uma atividade sobre preparação de fósseis de vertebrados, com demonstrações de fósseis de dinossauros. Nicholas Prado é discente do curso de especialização Geologia do quaternário e estava muito feliz em poder participar da ação. Para ele, mais importante que apresentar os fósseis, era a oportunidade de mostrar que o Museu Nacional está mantendo suas atividades — o MN foi vítima de um incêndio de grandes proporções em 2018, perdendo totalmente ou parcialmente seus quase 20 milhões de itens de acervo. Ele destacou o interesse do público: “todo mundo que para aqui fica superinteressado, maravilhado com os fósseis. Essa conexão com o público é muito importante”.
Uiara Gomes, técnica administrativa do Laboratório do Setor de Preparação de Paleovertebrados do MN lembrou que o Museu tem tradição em participar de ações como o Festival da Ciência, trabalhando para promover a divulgação científica. “A gente acha que é muito importante o público saber o que que tá se passando lá dentro. As pessoas vêem as exposições mas muitas vezes não conhecem o que tem por trás ali das paredes, nos laboratórios, ou o que é produzido nos cursos de pós-graduação”, afirmou. Assim como Prado, ela também destacou que as atividades do Museu continuam acontecendo: “O Museu não acabou. As atividades continuam acontecendo e a gente continua produzindo conhecimento, formando alunos e pesquisadores”.
A Exposição de Equipamentos e Técnicas em Ciência Forense fez com que muitos dos participantes se sentissem em um programa investigativo de TV. Rodrigo Grazinoli, professor das faculdades de Direito e de Biomedicina da UFRJ, apresentou demonstrações práticas sobre o trabalho pericial ao público, incluindo técnicas de levantamento de impressões digitais para identificação de pessoas, análise de diferentes tipos de munições e a aplicação do luminol — um reagente químico usado para revelar vestígios de sangue em cenas de crime. A apresentação de Grazinoli, que é especializado em Perícia e Medicina Legal e perito da Polícia Civil, permitiu que os visitantes conhecessem mais sobre o trabalho pericial e sua importância para a ciência forense. Segundo ele, “essas técnicas são fundamentais para qualquer investigação criminal, sendo importante unir esse conhecimento técnico do perito com o conhecimento produzido dentro da universidade”, disse.
A Escola de Química apresentou um projeto de purificação de água com o método Sodis (Desinfecção Solar da Água), que utiliza luz solar e garrafas plásticas transparentes para inativar microrganismos patogênicos. A inovação consiste em aprimorar o processo com o uso de um reagente conhecido como azul de metileno, ampliando a eficiência da técnica.
Já a Escola de Enfermagem Anna Nery, por meio de Verônica Caé, professora do curso, apresentou o projeto de extensão “Práticas sociais educativas na rede de atenção: encontros para instrumentalização em saúde”. Caé, que é integrante do grupo de docentes negros e negras da UFRJ, levou à Nave do Conhecimento uma roda de conversa sobre o Novembro Negro. A atividade foi voltada para o combate ao racismo e à promoção da equidade racial de forma educativa e interativa. Além da roda de conversa, havia um banner com a ilustração de uma árvore baobá, na qual o visitante poderia inserir uma palavra ou frase de enfrentamento ao racismo. Foram distribuídas também mudas de árvores com frases de autores, líderes e personalidades negras. Para ela, o povo negro trabalha com o conhecimento de forma viva e ancestral. Ela destacou também a necessidade de enfrentar o racismo de forma sistemática: “é necessário representar a população negra de forma digna e é importante debater o racismo não só em novembro, mas durante todo o ano”, concluiu.
As atividades apresentadas pela UFRJ no Festival da Ciência demonstram que as ações e projetos de extensão são fundamentais para a integração das universidades com a sociedade. Além disso, a popularização da ciência por meio de ações como essa demonstram que ela está muito mais próxima da realidade das pessoas do que se imagina.
*Por Vanessa Almeida da Silva e Tatiane Alves