Projeto apoia pescadores baía da Ilha Grande para o plantio e o comércio da alga Kappaphycus alvarezii
Por Rebecca Henze – Setor de Comunicação da Decania do CT
O Projeto Algicultura do Programa Tecnologia Social e Ciências do Mar (TSCM) do Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social (Nides) do Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ, oferece infraestrutura para capacita pessoas para trabalharem junto à espécie de alga Kappaphycus alvarezii. O projeto de extensão foi criado para transformar essa alga marinha exótica da região da Ilha Grande em biofertilizantes e produtos nas áreas de farmacologia e cosméticos. Além do conhecimento gerado para estudantes dos cursos de Engenharia, os resultados também beneficiam a economia local, trabalhando em parceria com comunidades e pescadores.
Em 2008 o IBAMA permitiu a comercialização dessa macroalga exótica, que pode ser cultivada na baía da Ilha Grande em São Paulo até a baía de Sepetiba no Rio de Janeiro. A professora Ana Lúcia Vendramini, coordenadora geral TSCM, conta que o projeto de extensão surgiu a partir da demanda de pescadores e agicultores na região.
“Eu estava dando um curso de beneficiamento de pescado, e os pescadores falaram: “professora tem uma alga aqui que parece que é muito importante, mas a gente não sabe o que é nem para que que serve’. Ele me falou o nome e a gente foi para o laboratório e junto da equipe começamos a trabalhar com essa alga, a Kappaphycus alvarezzi, com os estudantes da graduação da Engenharia de Alimentos”, explica.
A professora conta mais sobre a importância do uso comercial da alga: “A gente tem aqui uma condição de sustentabilidade, onde a alga é cultivada, ela gera trabalho e renda. A Kappaphycus alvarezzi precisa ser cuidada porque ela pode ser matéria prima para uma série de produtos, pode ser utilizada na área de alimentos, na área de cosméticos, fármacos, fertilizantes agrícolas, ração animal. “Temos uma matéria-prima disponível aqui no estado do Rio de Janeiro que permite gerar uma nova cadeia com muitos negócios, emprego, trabalho e renda. A algicultura tem futuro no Brasil e um futuro sustentável que favorece a bioeconomia”.
Apesar dos benefícios, o projeto ainda encontra alguns obstáculos. A burocratização do plantio torna financeiramente complicado, já que os pescadores são taxados por ela. Outro problema é o custo do plantio, já que é preciso montar balsas de cultivo, plantar essa essa alga e acompanhar o processo dela. A capacitação dos pescadores é uma dificuldade que os cursos e workshops promovidos pelo projeto tentam sanar, tornando a busca por parcerias o problema principal. Com o auxílio de empresas e entidades parceiras, os estudos avançaram a passos largos.
O Projeto Algicultura é multidisciplinar e abrange cursos para além da engenharia de alimentos no tratamento da nova matéria prima. A engenharia de produção está presente no processo junto com gastronomia, nutrição, farmácia, biologia, bioquímica e até comunicação, que trabalha no desenho de equipamentos.
Ana Lúcia destaca como maior conquista a visibilidade da algicultura: “Então hoje a gente com esse ecossistema de inovação, professores de diferentes universidades já estão sabendo do nosso projeto. Parceiros tanto das três esferas de governo municipal, estadual e federal, como o Ministério de Ciência e Desenvolvimento e o Agrário sabendo do projeto, além da EMBRAPA e outros institutos.”