Anielle Franco é eleita Mulher do Ano

Ministra da Igualdade Racial é doutoranda em programa de pós-graduação da UFRJ

Por Taissa Menezes e Júlia Souza – Fonte: www.ufrj.br

A UFRJ é a maior universidade federal do país e contempla uma diversidade de saberes, estudos e pesquisas. No entanto, o que realmente compõe a grandeza dessa instituição é a Nossa Gente. Na mais nova editoria do Conexão UFRJ, trazemos uma personalidade que é a cara da nossa gente: potente e transformadora. 

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, de 38 anos, foi eleita uma das 12 mulheres do ano em 2023 pela revista estadunidense Time. Única representante brasileira da lista, Franco é jornalista, educadora, mestre em relações étnico-raciais pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ) e doutoranda no Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada na UFRJ.

Após o assassinato de sua irmã, a ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, Anielle foi gradualmente adentrando o mundo da política e ganhou destaque a partir de ações que liderou em prol da memória da parlamentar. Uma delas foi a fundação do Instituto Marielle Franco, organização sem fins lucrativos que a homenageia, em 2019. Atuando como diretora, a atual ministra da Igualdade Racial esteve à frente da iniciativa, colaborando com a missão de inspirar, conectar e potencializar mulheres negras, pessoas LGBTQIA+ e periféricas a movimentar as estruturas da sociedade por um mundo mais justo e igualitário.

Imagem: Divulgação

Segundo a Time, a nova ministra “está canalizando sua dor em ação”. A publicação seleciona anualmente 12 mulheres que estão usando suas vozes para lutar por um mundo mais igualitário e Anielle é a única representante do Brasil neste ano de 2023, além de ter sido a primeira brasileira a alcançar o feito. Em uma rede social, ela afirmou estar muito orgulhosa e emocionada. “Esse reconhecimento não é só meu, é de todas as mulheres negras do Brasil. Sou a primeira, mas não serei a única. Que esse marco seja um recomeço para a nossa história e o reconhecimento de toda a nossa luta”, celebrou.

A lista reúne mulheres de diferentes nacionalidades e busca dar notoriedade a nomes que tiveram um impacto significativo em suas respectivas comunidades e áreas, desde ativismo e governo até esportes e artes. “Muitas delas enfrentaram imensos desafios que as inspiraram a buscar mudanças”, diz a revista.

Trajetória

A história de Anielle se iniciou no vôlei, esporte ao qual se dedicou desde criança. A cria da favela da Maré, como se autointitula, se tornou jogadora profissional de times como Vasco e Flamengo. Com apenas 16 anos, Anielle ganhou bolsas esportivas para estudar nos Estados Unidos, onde viveu por doze anos. Passou por escolas como a Navarro College, Luisiana Tech University e as instituições historicamente negras dos EUA − a Florida A&M University e a North Carolina Central University, onde se formou em Jornalismo. Além disso, em 2015, se formou em Inglês e Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e concluiu o mestrado no Cefet-RJ, em 2021.

Em 2016, quando a irmã se elegeu vereadora do Rio de Janeiro, Anielle trabalhava com ela na realização dos discursos políticos. Após o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes em 2018, a vida da atual ministra “virou de cabeça para baixo”.

Sua trajetória e os acontecimentos em sua vida fizeram com que Anielle fosse influenciada desde o início a pensar de maneira antirracista e a se entender mais como mulher negra. Além de sua passagem pelos Estados Unidos ter sido fundamental para que conhecesse o trabalho de pensadores como Angela Davis, Martin Luther King e Malcolm X, nas trocas com Marielle, fosse por cartas, e-mails ou nos almoços de família, Anielle aprendeu sobre o desafio que é lutar pelos direitos humanos no país em busca de dignidade, principalmente para a população negra, que é maioria, mas ainda sofre com seus direitos desrespeitados.
Em 2019, teve seu primeiro livro publicado: Cartas para Marielle. Além disso, Franco tem participação importante em muitas outras publicações, incluindo a autobiografia de Angela Davis. Recentemente, publicou seu último livro, Minha Irmã e Eu, em novembro de 2022.