Instituição recebe doação de 27 peças dos períodos clássicos grego e romano
Por Sidney Coutinho – Fonte: www.ufrj.br
Representantes do Museu Nacional (MN) da UFRJ anunciaram nesta quarta-feira, 9/6, o recebimento de um presente especial no mês de aniversário de 203 anos da instituição: uma coleção de 27 peças greco-romanas, datadas entre 550 a.C. e 550 d.C. Doada pelo ex-ministro das Relações Exteriores Fernando Cacciatore de Garcia, a coleção é avaliada em mais de R$ 1 milhão. O Museu também ganhará a conclusão das obras de cobertura do bloco do 1 e a recuperação do Jardim das Princesas e da fachada, segundo informou a reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Denise Pires de Carvalho.
De acordo com Carvalho, apesar da pandemia, tudo está acontecendo dentro do cronograma previsto para que em breve o Museu Nacional receba os visitantes e se transforme em referência internacional. “Em conjunto com toda a comunidade da UFRJ e os parceiros nacionais e internacionais, temos a certeza de que vamos reconstruir e devolver o nosso mais antigo museu de história natural à sociedade”, aponta a reitora.
Para o diretor do MN, Alexander Kellner, um dos maiores desafios atuais da instituição é a recomposição de seus acervos. “Por isso, temos a alegria de anunciar o recebimento de uma coleção greco-romana bastante significativa, que vai enriquecer a futura exposição de longa duração do Museu e contribuir com pesquisas científicas na área”, comemora.
Segundo o arqueólogo Pedro Von Seehausen, que integra a equipe do MN, a coleção que foi doada tem enorme relevância geográfica e cronológica, pois, embora pequena, abrange os períodos arcaico, clássico, helenístico e romano, revelando a diversidade dos costumes cotidianos da região mediterrânea e da religião greco-romana. O destaque da coleção é uma peça do jovem deus grego Dionísio − ou Baco, para os romanos −, uma das mais importantes divindades, relacionada à fertilidade e libido. “A coleção vai se somar às peças da coleção que pertencia à imperatriz Tereza Cristina, que foram possíveis de recuperar do incêndio, e dá novas possibilidades de se abordar e estudar o mundo antigo. Tanto o imperador (Pedro II) quanto a imperatriz estariam contentes de ter as peças no acervo do MN.”
A reconstrução do Museu também avança. Em julho, serão finalizados os trabalhos de higienização e proteção dos bens integrados do Paço de São Cristóvão e do Jardim das Princesas. Em agosto, terão início as obras nas fachadas e coberturas do histórico Bloco 1 do Paço. Ainda no segundo semestre deste ano, começam as obras nos jardins históricos e o desenvolvimento do projeto de museografia. Em novembro, termina a reforma da Biblioteca Central do Museu Nacional, uma das mais importantes do Brasil, com um acervo de 500 mil livros, sendo 1.500 peças raras.
“Celebrar os 203 anos do Museu Nacional é celebrar também a ciência, a história natural, a antropologia, a educação. E, neste ano, a data ganha um valor ainda mais especial ao vermos os avanços dessa reconstrução e o engajamento de tantos parceiros e organizações da sociedade que se uniram em torno do projeto Museu Nacional Vive. A Vale está comprometida em devolver este museu para a sociedade brasileira, apoiando não apenas com recursos financeiros, mas também com a expertise do Instituto Cultural Vale”, afirma Luiz Eduardo Osorio, vice-presidente executivo de Relações Institucionais e Comunicação da Vale e presidente do Painel de Especialistas do Instituto Cultural Vale.
Marlova Noleto, diretora e representante da UNESCO no Brasil, também celebra o aniversário do Museu Nacional da UFRJ e destaca: “Os trabalhos avançam sob a orientação de um conjunto de especialistas em preservação e recuperação do patrimônio, reforçando o compromisso do projeto Museu Nacional Vive de respeitar a trajetória histórica e cultural do Palácio e de seu entorno. Com ações importantes da comunidade brasileira e da comunidade internacional, vamos fazendo progressos para reabrir as portas desta importante instituição bicentenária que representa tanto para o patrimônio científico e cultural do Brasil e do mundo”.
A coleção e a biblioteca
No acervo doado pelo diplomata aposentado e escritor gaúcho Fernando Cacciatore de Garcia, figuram peças em mármore, cerâmica, vidro, bronze, prata e terracota de importante valor histórico e científico. A peça mais antiga, de 550 a.C., é um tijolo arquitetônico que ornamentava um templo na Grécia Oriental, território que, atualmente, pertence à Turquia. A mais recente é um copo de vidro ainda transparente e com design absolutamente contemporâneo que data de 550 d.C. “Assim, a coleção cobre mil anos da história da Antiguidade Clássica. Conscientemente, escolhemos exemplos dos três estilos da arte no período: o Arcaico, o Clássico e o Helenístico”, comenta Garcia.
De acordo com o diretor do MN, há um acordo com o doador para que ocorra uma exposição das peças o mais breve possível, tão logo acabe a pandemia. “Estimamos que, na virada do ano ou no mais tardar no primeiro semestre de 2022, vamos expor os objetos para a sociedade, e estamos negociando em que locais isso poderia ser realizado. Além disso, anunciaremos em breve novidades, como a ossada de uma baleia”, revela Kellner.
Os trabalhos de higienização e proteção dos bens integrados do Paço de São Cristóvão e do Jardim das Princesas seguem em andamento. Pisos, tronos, fontes, guirlandas, pinturas murais, ornamentos de salas e jardins históricos são alguns dos elementos que estão sendo protegidos e recuperados.
Com o acervo de 500 mil livros, incluindo 1.500 obras raras, a Biblioteca Central do MN recebe obras de reforma e sua ampliação será entregue em novembro de 2021. Especialistas contratados e servidores da UFRJ seguem dedicados à elaboração do projeto, que vai embasar as intervenções no edifício-monumento, respeitando a legislação e contemplando premissas internacionalmente referenciadas nas áreas de sustentabilidade, circulação, acessibilidade, segurança e conforto ambiental.