UFRJ passa a contar com unidade própria para discussões do tema: o Núcleo de Enfrentamento e Estudos em Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes
Por Victor França – Fonte: www.ufrj.br
O Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 encerrou suas atividades na quarta-feira, 21/12. Mas a UFRJ não deixará de dar atenção à covid-19. É que foi criada uma unidade específica na instituição para o debate desta e de outras enfermidades do gênero: o Núcleo de Enfrentamento e Estudos em Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (Needier).
Para celebrar os três anos de atuação do GT, a Reitoria organizou uma cerimônia no Auditório Hélio Fraga, do Centro de Ciências da Saúde (CCS), a fim de agradecer às dezenas de pessoas que participaram do comitê. “É motivo de muito orgulho estar reitora neste momento. Durante esse período, nas apresentações em que estive pelo país e pelo mundo, sempre fiz questão de citar a atuação desse importante GT e de suas ações pioneiras, que verdadeiramente salvaram vidas em nosso país”, disse a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho.
Criado antes mesmo de o Brasil ter registrado o primeiro caso de covid-19, o GT foi pensado de forma interdisciplinar pela reitora. Coordenado pelo professor Roberto Medronho, da Faculdade de Medicina, sua primeira reunião aconteceu no dia 5/2/2020, mas somente em janeiro Denise se reuniu com Medronho para estruturação do grupo.
“Foi o maior desafio da minha vida desde que entrei na UFRJ, em 1984. Eu achava que conhecia a UFRJ por inteiro, mas não. O que eu descobri da Universidade nesse momento é de um orgulho fenomenal, devido ao trabalho desempenhado pelas diversas áreas durante a pandemia de covid-19”, disse o pesquisador. “Foi um grupo essencialmente multidisciplinar. Discutimos desde os impactos socioeconômicos de um isolamento social até os psicológicos. O GT foi um importante núcleo agregador de diversas expertises e disseminador do que ocorreu a partir da UFRJ para o Rio e o Brasil”, afirmou.
Ele frisou ainda que a instituição foi procurada diversas vezes por prefeituras e pelo Governo do estado do Rio de Janeiro a fim de que fornecesse fundamentação técnico-científica para tomada de decisões. A UFRJ, por exemplo, foi a primeira universidade a suspender atividades presenciais no Rio e amparou o Governo Estadual a pensar como isso se daria nessa esfera. Além disso, Medronho citou a cidade de Macaé, que, conforme avaliação do prefeito, teve o menor percentual de mortes por covid-19 no estado do Rio devido à presença e atuação da UFRJ. Em seguida, prestou homenagem ao Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), que esteve no enfrentamento direto da doença. Medronho enumerou algumas das dezenas frentes de atuação do GT. Relembre.
O decano do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Luiz Eurico Nasciutti, enfatizou a força da UFRJ. “A Universidade nunca parou. Aprendemos a ministrar aulas de outra forma. Nossos laboratórios de pesquisa começaram a trabalhar com SARS-CoV-2 e todas as nossas unidades do CCS tiveram papel crucial”, disse.
Em entrevista ao Conexão UFRJ, Denise destacou a relevância da cerimônia. “É muito importante que neste momento, em que ainda vivenciamos a pandemia, entretanto temos seu controle devido à vacinação, nós possamos começar a homenagear aqueles que trabalharam durante toda a pandemia”, disse.
“Não é o término de atividade de enfrentamento da covid-19. É uma transformação das atividades realizadas pelo GT, que agora serão exercidas por novas unidades acadêmicas, como o Needier, que, atualmente, trabalha não apenas com a covid-19, mas também com essa nova forma de varíola [dos macacos, mpox], dengue, Zika e outras doenças que ainda virão e que nós, seres humanos, ainda não conhecemos”, salientou Denise.
“A estrutura do Needier conta com professores lotados em outras unidades acadêmicas da UFRJ que se agregam para responder a uma demanda que pode terminar ou perdurar. O Núcleo é perene, mas seu corpo de pesquisadores vai variar a depender do enfrentamento naquele momento. É um novo modelo de estrutura acadêmica bem interessante. Outros virão na UFRJ com certeza. Eu imagino que na área de Inteligência Artificial, na área de qualidade da água. Para enfrentarmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável − afinal, somos agora uma universidade que tem o selo ODS −, deveríamos ter um núcleo de enfrentamento, por exemplo, para a diminuição e erradicação da pobreza, outro para estudar o mundo do trabalho e a transição energética, considerando o ponto de vista interdisciplinar”, destacou a reitora.
“A Universidade vai se reestruturando em núcleos de estudo. Agora, temos o Needier. Um próximo, talvez, para a transição energética, um outro para erradicação de pobreza etc., como já temos o núcleo para enfrentamento da violência contra a mulher, ligado ao Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (Nepp-DH). Considero, portanto, que este é o novo modelo da universidade do século 21”, finalizou.