Coppe inaugura Ilha de Policogeração Sustentável

O protótipo tem capacidade para cogerar água e eletricidade, a partir de uma fonte de calor, e poderá atender a demanda de regiões remotas ou comunidades off grid.

Por Assessoria de Imprensa da Coppe/UFRJ – Fonte: www.coppe.ufrj.br

A Coppe/UFRJ inaugurou nesta segunda-feira, 23 de maio, a Ilha de Policogeração Sustentável (IPS). O protótipo tem capacidade para cogerar água e eletricidade, a partir de uma fonte de calor, e poderá atender a demanda de regiões remotas ou comunidades off grid. O sistema conjuga o uso de energia solar com a recuperação de calor, em geral descartado, por meio de micro-trocadores de calor e dessalinizador de água via destilação por membranas.

Pioneiro no país, o sistema foi desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Nano e Microfluidica e Microssistemas da Coppe, sob a coordenação da professora Carolina Naveira-Cotta. O sistema pode ser um importante aliado de prefeituras e comunidades remotas do Semiárido nordestino que não estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional, “fazendas” de produção de energia solar, campos de óleo e gás nearshore, ilhas e regiões inóspitas, áreas em conflito ou de desastres ambientais.

O evento realizado no jardim do laboratório da Coppe, no qual está instalada a Ilha, contou com a presença da reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho; decano do Centro de Tecnologia, professor Walter Suemitsu; da vice-diretora da Coppe, professora Suzana Kahn; da diretora de Tecnologia e Inovação da Coppe e diretora da Embrapii-Coppe, professora Angela Uller; do CEO da Galp, Daniel Elias; do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral; do superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Alfredo Renault; do diretor de Tecnologia da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado do Rio de Janeiro (Faperj), professor Maurício Guedes.

“O demonstrador hoje inaugurado conjuga um painel fotovoltaico de alta concentração, com capacidade de gerar cinco quilowatts de energia elétrica e oito quilowatts de energia térmica recuperáveis, e três conjuntos de coletores solares para aquecimento de água. Algo que muito me motiva nesse projeto é a possibilidade de, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional e o Ministério de Minas e Energia, fazer uma ação conjunta para atender estas comunidades que estão off grid, porque aqui temos essa geração simultânea de energia e água. Somente esses 5 kWe nominais do demonstrador poderiam atender cerca de 25 residências/famílias. O dessalinizador que temos no projeto produz mil litros de água destilada por dia, podendo atender o consumo típico de mais de 100 pessoas por dia. Estamos pensando em comunidades do semiárido, e, claro, o projeto é escalonável”, relatou Carolina.

Representando o Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), parabenizou a professora Carolina e sua equipe, pela visão orientada de aplicação de tecnologia para a solução de problemas concretos do Brasil e com alto impacto social.

“O desenvolvimento de tecnologia não é um fim em si mesmo, a pesquisa e inovação podem ser orientadas a propósitos nobres, como o combate ao aquecimento global, e imperativos fundamentais como a ampliação do acesso à energia e redução da desigualdade de oportunidades. Este projeto mostra, com maestria, como a tecnologia pode ser aliada para resolver questões fundamentais como acesso à água e eletricidade, e demonstra a importância das políticas públicas para o fortalecimento das bases tecnológicas do país, impactando no desenvolvimento econômico e social, com sustentabilidade”, elogiou Barral.

De acordo com o CEO da Galp, Daniel Elias, o projeto representa os valores que a multinacional portuguesa manifesta em sua atuação no Brasil: pioneirismo, parceria e performance. “É um projeto que combina geração de eletricidade, água potável. O cálculo de performance para um projeto desta natureza é que ele deve ser customizado, e as principais oportunidades podemos ver, são oportunidades de implementação em locais de acesso remoto ou operações móveis”, avaliou.
A reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho, não poupou elogios à professora Carolina Naveira-Cotta e destacou que “Carol é um exemplo do que são capazes os nossos servidores, transformar, se adaptar e gerar conhecimento novo, se houver o necessário investimento”.

“Seja qual for o desafio nós estaremos preparados para enfrentar. A UFRJ é modelo em ensino e pesquisa e também será em Extensão, transformando nossa sociedade de modo que seja mais justa e equânime. É este o Brasil do futuro, que acontece aqui no presente, em nossa universidade, que mantém acesa a chama do professor Coimbra que lutou nos anos 1960 para que isso acontecesse e foi muito bem sucedido”.

O projeto é financiado pela Petrogal Brasil via Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Embrapii-Coppe, e conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Marinha do Brasil.

Articulando diferentes saberes

Para o professor Maurício Guedes, diretor de Tecnologia da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado do Rio de Janeiro (Faperj), a IPS é um exemplo de projeto com base científica, anos de trabalho com formação de recursos humanos, pesquisa básica e aplicação muito efetiva para fazer frente a demandas da vida real. “É um belo exemplo a ser seguido, é a universidade transformando conhecimento em soluções que vão levar riqueza e bem-estar à sociedade, energia elétrica, água limpa a comunidades isoladas.

Tem enorme potencial. Tecnologia quando se transforma em inovação tem um impacto social”.

“O projeto junta tecnologias diferentes, articula saberes diferentes em torno de uma solução complexa e completa para as questões de água e energia elétrica. Aqui tem Eletrônica, Física, Engenharia de Materiais, Mecânica, Química. A vida é assim, ela não é segmentada. E essa é uma qualidade da Coppe, articular diferentes saberes para enfrentar os desafios postos pela sociedade”, reconheceu Maurício Guedes.

Na opinião da vice-diretora da Coppe, professora Suzana Kahn, o projeto liderado pela professora Carolina Naveira-Cotta, mostra a capacidade da instituição. “Temos uma tradição já antiga na área de óleo e gás. O mundo está passando por uma transição energética, e a gente como Coppe e como UFRJ, também está se transformando, e esse projeto sintetiza bem. Não só é sustentável, mas tem modularidade e preocupação com inclusão. Uma característica que também me entusiasma no projeto é fazer convergir vários atores do setor de Ciência e Tecnologia. É uma síntese desse novo mundo, que a Coppe e o Brasil querem ser”, concluiu a professora Suzana.

Na avaliação dedo superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Alfredo Renault, o projeto mostra a inserção da Coppe junto ao setor produtivo. “O fortalecimento dos projetos em conjunto com o setor produtivo é muito importante para a universidade. A questão da transição energética é muito importante e o projeto aponta direções para a gente caminhar no sentido de uma economia de baixo carbono. O Brasil tem muita tradição no desenvolvimento tecnológico do setor de óleo e gás, é muito importante que a gente consolide também grupos fortes de pesquisa em energias renováveis e captura de carbono. A Coppe tem muito a oferecer nesse caminho”, destacou.

O decano do Centro de Tecnologia, professor Walter Suemitsu, qualificou o projeto como meritório e também parabenizou a professora Carolina Naveira-Cotta e a equipe do LabMEMS.

Saiba mais sobre a Ilha de Policogeração Sustentável.