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Por Rebecca Henze – Setor de Comunicação da Decania do CT
Fundador do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, a Coppe/UFRJ, o professor Coimbra foi o idealizador do primeiro Programa de Pós-graduação em Engenharia Química do país com a proposta de fomentar a pesquisa na engenharia e tornar a instituição um centro produtor e irradiador de conhecimento. Ao lado de outros importantes professores tornaram a Coppe um dos maiores centros de ensino e pesquisa em Engenharia da América Latina.
“Por meio de entrevistas com alguns dos professores que participaram da fundação, a iniciativa busca lembrar como a Coppe foi criada. Eles testemunharam a história e vivenciaram todas as dificuldades pelas quais a Coppe passou ao longo de mais de 60 anos. É uma forma também de inspirar os jovens para que eles respeitem os pioneiros da Coppe”, conta o professor Walter Suemitsu, Decano do Centro de Tecnologia da UFRJ. “O esforço do professor Coimbra em buscar parcerias foi o que tornou possível a dedicação exclusiva dos professores. A Coppe inovou ao criar o conceito de dedicação exclusiva ao Ensino e à Pesquisa e conseguiu que a instituição se tornasse um centro de excelência, reconhecida tanto no Brasil como no mundo”, complementa Walter.
Um dos nomes importantes da Coppe é o professor emérito da UFRJ, Martin Schmal. Formado em Engenharia Química pela PUC-SP, Schmal ingressou no mestrado em Engenharia Química da instituição. Por não se identificar com o trabalho na indústria e seguindo a orientação do professor Coimbra, Schmal fez seu doutorado na Alemanha e ao retornar, ingressou como professor na Coppe. Na instituição, Schmal fundou o primeiro laboratório de cinética do país, criou a Sociedade Brasileira de Catálise, desenvolveu projetos com parcerias entre o laboratório e indústrias, além de receber diversos prêmios durante a sua carreira. O professor elogiou o colegiado da época, que delegava os projetos para os programas que seriam responsáveis por desenvolvê-los. “Acho que o mais importante é que a gente sempre procurou incentivar os jovens a dar continuidade ao trabalho. Esse é o espírito da Coppe”.
Professor titular aposentado do Programa de Engenharia Naval e Oceânica da Coppe/UFRJ, Raad Yahya Qassim é Engenheiro Químico e pós-graduado pelo Imperial College London, e chegou na Coppe em 1975. O docente transitou por vários projetos e trouxe o conceito formado de “engineering science” para a pesquisa no Brasil. Em seu relato, Qassim mostra as diferenças de estrutura que encontrou na Coppe, em níveis de financiamento e dedicação dos pesquisadores. A liberdade de escolha de cada pesquisa e a diversidade de mentes na instituição chamam a atenção do docente. “A definição do conhecimento tem permanecido essencialmente constante, e esse caminho eu chamo de reformar para conservar. Reformar no sentido de modernizar, pensando na justiça social e conservar a criação do conhecimento”.
Nelson Maculan, professor emérito da universidade e docente do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe/UFRJ, conta que veio fazer seu mestrado aqui através de um convite da organização, que, na época, buscava bons alunos de outros estados e da América Latina para ingressarem na instituição. O pesquisador cursou seu doutorado na França e ocupou diversos cargos administrativos, como a direção da Coppe, a reitoria da UFRJ e a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro. “A pesquisa é a coisa mais importante para a universidade. Se ela não fizer, ninguém o fará, nós somos pagos para pensar o futuro.” Maculan se inspirou em modelos internacionais e buscou financiamento para os programas da Coppe. Para ele o maior desafio hoje é despertar o interesse dos jovens para continuarem no ambiente acadêmico, aprofundando na área de pesquisa.
Luiz Fernando Legey, professor titular aposentado do Programa de Planejamento Energético, é formado em Engenharia de Telecomunicações pela PUC-Rio e chegou à Coppe após a indicação de um amigo, já que a instituição buscava bons alunos. Legey fala sobre a ideia do professor Coimbra de formar mestrandos pela Coppe, enviá-los ao exterior para cursar o doutorado e trazê-los de volta, criando um corpo docente muito qualificado para os programas de pós-graduação da instituição. “A Coppe estava com recursos e pessoas dispostas a fazer de forma correta. A gente procurava estudar a ciência da engenharia, não era só fazer as coisas como sempre foram feitas, mas sim, criar, inovar e desenvolver conhecimento”. O professor citou os pilares de fundação da Coppe: tempo integral de dedicação, avaliação dos docentes e a Fundação Coppetec, finalizando com o questionamento: O que a gente quer para a Coppe daqui a 10 anos?
Carlos Alberto Quadros Coimbra e Anna Barbara Coimbra, respectivamente filho e neta do professor Coimbra, foram convidados a participar das entrevistas e lembram da história da fundação da Coppe sob um outro olhar. Matemático formado pela UFRJ, Carlos fala sobre a relação do seu pai com uma paixão além da engenharia e o sonho de introduzir a pesquisa da engenharia no Brasil. “O meu pai tinha esse projeto da engenharia como ciência e não como simples executora de projetos. Uma engenharia que fosse capaz de desenvolver soluções com originalidade”, conta.
Anna Barbara Coimbra, engenheira como o avô, é estudante de mestrado do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe e concluiu sua graduação na Escola Politécnica da UFRJ: “O objetivo da Coppe sempre foi criar esse diálogo entre as diferentes engenharias”. Carlos e Anna relembram que a história da instituição começou pela Escola de Química e falam sobre como o apoio financeiro internacional foi um dos diferenciais. Além disso, comentam sobre a importância da Coppe para a pós-graduação no Brasil. “Foi o primeiro programa institucional e que teve um papel importante em todos os outros programas. Os professores de outras universidades vinham estudar aqui e retornavam para suas cidades de origem. A Coppe foi a grande responsável por propagar a pós-graduação no país”, finaliza Carlos.
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