Estudo mostra que usuários consomem conteúdo sobre vacinação sem checagem
Por Carolina Correia
Nos últimos anos, doenças antes consideradas controladas ou erradicadas, como o sarampo, voltaram a crescer. Esse aumento está diretamente ligado à diminuição das taxas de vacinação no Brasil, historicamente um dos países mais desenvolvidos nos programas de imunização. Entre os motivos que explicam a queda estão o desconhecimento sobre produção, distribuição e armazenamento, medo dos componentes e da injeção. Além disso, a busca por informações via redes sociais, em vez de fontes oficiais e jornalísticas, reforça crenças erradas sobre as vacinas.
Isabela Pimentel, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Mídias Criativas (PPGMC) da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, analisou uma série de vídeos no Youtube sobre imunização para compreender de que maneira as notícias falsas impactam temas como saúde e vacinação: “A ideia é entender como os usuários têm consumido conteúdo sem checagem sobre vacinas nas redes sociais”.
Pimentel pesquisou palavras-chave relacionadas à vacinação contra a febre amarela durante dois surtos recentes, em 2017 e 2018, analisando comentários e compartilhamentos dos vídeos que tiveram mais visualizações no período.
Dos entrevistados na pesquisa, entre eles mães que preferem não imunizar os filhos, a maior parte busca informações sobre vacinas em sites não oficiais e nas redes sociais, como Facebook e WhatsApp.
“Muitos afirmaram que após assistirem a reportagens na internet sobre os efeitos adversos de algumas vacinas, como HPV e febre amarela, deixaram de acompanhar os conteúdos na mídia jornalística”, explica Pimentel, enfatizando que o aplicativo de mensagens instantâneas se consolidou como uma das fontes de informações preferidas por esse público.
A pesquisadora explica que vídeos testemunhais, com linguagem simples, aproximam o usuário da sua própria realidade e, por isso, tendem a ser mais procurados. Para os entrevistados, as campanhas de vacinação promovidas pelo Ministério da Saúde usam termos técnicos, não passam confiança e não têm transparência.
“Essa espécie de empatia existe com a pessoa comum do vídeo e os termos técnicos de especialistas, como infectologistas e epidemiologistas, inibem essa proximidade.”
Fonte: www.ufrj.br