Gratuita, a iniciativa completa 15 anos em 2023
Por Cadu Franklin – Fonte: www.ufrj.br
Considerada uma doença crônica, complexa e de origem multifatorial, a obesidade é vista atualmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como crise epidemiológica em constante crescimento. De acordo com a última edição do Atlas Mundial da Obesidade, publicada em março deste ano, cerca de 51% da população global (aproximadamente 4 bilhões de pessoas) serão de obesos ou de pessoas que estarão acima do peso até 2035. No Brasil, esses dados representam em torno de 4 em cada 10 adultos e colocam o país na quarta posição entre os mais afetados pela obesidade no mundo.
Para reverter o quadro que considera com sobrepeso e obesos quem tem o índice de massa corporal (IMC) superior a 25 kg/m² (mulher) e 30 kg/m² (homem), é crucial que os diagnosticados busquem acompanhamento médico adequado e incorporem medidas preventivas no dia a dia, como uma dieta saudável e equilibrada, além da prática regular de exercícios físicos.
Nesse último caso, especificamente, há uma iniciativa da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro que desde 2008, em parceria com o Programa de Obesidade e Cirurgia Bariátrica (Prociba) do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), vem batalhando contra a enfermidade. Coordenado pelo professor Leandro Nogueira Salgado Filho, o projeto de extensão Hidroginástica na Obesidade Mórbida surgiu a partir do interesse de um grupo de estudantes.
“Há quase 15 anos, alguns alunos da minha disciplina de Fundamentos da Hidroginástica estavam estagiando no Serviço de Medicina Física e Reabilitação do Hospital Universitário. Na época, a professora Denise Xerez, coordenadora do projeto, comentou com os alunos sobre a possibilidade de desenvolverem algumas atividades de ensino. Assim, eles disseram que um professor deles, que no caso era eu, já comentava sobre a hidroginástica como uma atividade significativa para efeitos de promoção de saúde e qualidade de vida. E ela falou: ‘Poxa, pede para ele vir aqui conversar conosco’. E aí eu fui”, contou.
Desde então, Leandro recebe anualmente, de janeiro a dezembro, pacientes em diferentes estágios de tratamento. Para o planejamento das atividades, ele tem o apoio de graduandos dos cursos de bacharelado e licenciatura em Educação Física, que a partir do 5º período podem se inscrever pelo Portal do Aluno, no Sistema Integrado de Gestão Acadêmica (Siga) da UFRJ, e atuar como monitores.
O projeto possui três grandes finalidades: preparar os praticantes para a cirurgia bariátrica; auxiliar os que já passaram pelo procedimento, a fim de que estejam eleitos para a segunda operação, com foco na reparação plástica; e, por último, um objetivo mais ambicioso, que é o de evitar a cirurgia a partir das práticas regulares na piscina.
Para Leandro, nesses 15 anos de atuação, a maior realização é sempre o retorno diário dos próprios praticantes:
“Acredito que com esse retorno eles formam uma rede de informação muito positiva, que anima outros pacientes, apesar do custo e das dificuldades de deslocamento. Isso acontece espontaneamente da parte deles, em função do que recebem de prescrição, de orientação e de cuidados, que recebem inclusive pelo WhatsApp. Todos os dias eu envio mensagens”, disse.
As aulas acontecem todas as segundas, quartas e sextas-feiras, das 11h30 às 12h30, nas piscinas da EEFD, localizadas no campus Cidade Universitária. Para mais informações, acesse o site.
*Este texto é resultado das atividades do projeto de extensão “Laboratório Conexão UFRJ: Jornalismo, Ciências e Cidadania” e teve a supervisão do jornalista Victor França.