Testar, testar, testar

Campus Macaé mostra que testagem e parcerias com setores sociais são melhor caminho para enfrentamento da COVID-19

Por Carolina Correia

Em meados de agosto, Macaé, no Rio de Janeiro, entrou na fase verde de contaminação da COVID-19, etapa de maior flexibilização no combate à doença. Parte do sucesso da cidade no enfrentamento do novo coronavírus deve-se à parceria entre a UFRJ e a Prefeitura na testagem dos moradores da região.

Com quase 3 mil pacientes testados até o final de julho, o Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Nupem) vem acompanhando a situação de Macaé e realizando a testagem de profissionais da saúde que apresentam sintomas da doença. “A união de toda a sociedade civil fez bastante diferença, um processo em que a Prefeitura desde o início fez o isolamento, criou barreiras, fez o centro de triagem para testagem, e a UFRJ teve o papel de ajudar e coordenar a parte de testagem PCR no município”, explicou Rodrigo Nunes, diretor do Nupem.

Gráfico da evolução da testagem em Macaé semanalmente, com início em 8/4 e final em 31/7, com cerca de 3 mil testes realizados no período.
Nupem já realizou cerca de 3 mil testes | Imagem: Divulgação (Nupem)

Em abril, o projeto começou a testar ainda com capacidade reduzida – fazia em torno de 20 testes por dia − de testes do tipo RT-PCR, que é capaz de detectar se o paciente está infectado pelo vírus. Atualmente, a equipe já consegue realizar 120 novos testes diariamente de forma manual. O Nupem busca, agora, investimento a fim de aumentar o número de exames para 300 a partir da automação do procedimento e da aquisição de reagentes e equipamentos de proteção individual.

“A testagem é um dos componentes fundamentais para o combate da pandemia. O quanto antes você consegue testar e isolar as pessoas que apresentam sintomas, menos tempo elas ficam propagando a doença. O isolamento precoce tem um poder muito importante na prevenção de novos casos”, declarou Nunes.

Segundo o professor, a testagem, principalmente em profissionais da saúde e de outras áreas envolvidas no combate à doença, teve 24% de testes positivos e 70% negativos. A pesquisa aponta que os mais afetados foram homens na faixa dos 21 a 60 anos, com mais de 87% das amostras colhidas no laboratório. Até o momento, Macaé tem quase 7 mil casos e 129 mortes causadas pela COVID-19.

Gráfico da evolução da pandemia em Macaé, semanalmente, entre 13/4 e 31/7, com pico de 110 casos positivos entre 20 e 25/7.
Pico da pandemia em Macaé foi entre 20 e 25/7 | Foto: Divulgação (Nupem)

UFRJ na luta

No início da pandemia a Universidade assinou um convênio com a Prefeitura de Macaé que permitiu a compra de reagentes, o fornecimento de equipamentos de proteção individual e a implementação do Laboratório de Campanha para Testagem e Pesquisa da COVID-19 (LCC). A parceria possibilitou também a contratação de bolsistas, entre eles muitos ex-alunos da UFRJ, para trabalharem no atendimento e na testagem. “Sem dúvidas a Universidade é fundamental nesse processo, desde a testagem até a análise crítica, e na geração de dados, na participação de especialistas no aconselhamento para a Secretaria de Saúde.”

Nunes conta que o Nupem continua buscando o aprimoramento da testagem e a ampliação das ações e parcerias com outras unidades da UFRJ.

“Os próximos passos são o estabelecimento de outros tipos de testes aqui no município, como o exame sorológico e o teste de antígeno, além do mapeamento dos locais onde as pessoas foram mais afetadas pelo coronavírus. Essas áreas são prioritárias para a Prefeitura realizar as campanhas para tentar diminuir a incidência da COVID no município.”

Parcerias e doação

O projeto implementado em Macaé teve apoio do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia (IB), do Instituto de Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) e do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), que auxiliaram no estabelecimento do laboratório do campus e no treinamento dos profissionais para a realização dos testes.

Segundo Nunes, a ação só foi possível devido à doação de instituições, empresas e pessoas que confiaram na Universidade para enfrentar essa crise na Saúde. “Somente com a coleta das doações, prestação de contas e em uma administração eficiente realizada pela Coppetec, pudemos realizar a iniciativa”, concluiu.

Fonte: www.ufrj.br