Honraria é destinada a docentes que se destacaram pela relevância de seus trabalhos nos âmbitos de ensino, pesquisa e extensão
Por Cadu Franklin – Fonte: www.ufrj.br
Em sessão ordinária realizada na última quinta-feira, 23/3, o Conselho Universitário (Consuni) da UFRJ aprovou a concessão da Medalha Minerva do Mérito Acadêmico às professoras Doris Rosenthal, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), e Yocie Yoneshigue Valentin, do Instituto de Biologia (IB). A aprovação foi com aclamação.
Durante a sessão, o pró-reitor de Graduação, Marcelo de Pádula, reforçou que a contribuição de Doris para o Instituto ia muito além das salas de aula.
“A doutora Doris estava [sempre] no Laboratório de Fisiologia Endócrina e nunca deixou as suas portas fechadas. Ela não formou só pessoas nas aulas de Endocrinologia, ela formou pessoas do IBCCF nos corredores, nos churrascos comemorativos, sempre com humor, com uma humildade, e eu resumo, com capitais científico e cultural invejáveis. (…) A doutora Doris é um ícone da nossa Universidade”, afirmou.
Além dele, o professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) Luiz Eurico Nasciutti também fez questão de declarar que “trabalhar com Doris em sala de aula era de uma aprendizagem e de uma satisfação enorme”.
Nas palavras de Antonio Solé-Cava, professor titular do Instituto de Biologia, as principais características da professora Yocie não se restringem apenas às suas conquistas e realizações acadêmicas.
“A professora Yocie é uma referência mundial no estudo das algas. Ela tem como característica uma doçura imensa e isso é uma coisa que a gente acaba não falando. […] É uma honra para o meu centro ter uma professora como ela, e eu acredito que essa medalha é amplamente merecida”, reforçou.
Quem são as homenageadas?
Doris Rosenthal graduou-se em Medicina pela Universidade do Distrito Federal (atual Uerj) em 1957 e defendeu seu doutorado em Ciências Biológicas na UFRJ em 1975. Desde os primeiros anos, buscou defender o espaço das mulheres na área médica, àquela época ocupada principalmente por homens. Em 1977, iniciou sua trajetória como professora adjunta do IBCCF, permanecendo até a aposentadoria, em 2002.
Durante esse período, ministrou diferentes disciplinas e colaborou nas pesquisas do Laboratório de Fisiologia Endócrina (LFEDR), que hoje tem seu nome. Entre os alunos orientados pela docente, destaca-se Denise Pires de Carvalho, que há pouco tempo deixou a Reitoria da UFRJ para assumir a Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC). Mesmo distante das salas de aula, Doris segue contribuindo voluntariamente com o laboratório, tendo sido agraciada em 2015 com o prêmio Prata da Casa, como forma de reconhecimento pela carreira construída no Instituto.
Além dos trabalhos realizados na Universidade, Rosenthal também atuou como cofundadora, vice-diretora, diretora e membro do conselho diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Hoje em dia, ocupa o cargo de membro honorário nacional da Academia Nacional de Medicina (ANM) e membro correspondente da European Thyroid Association (ETA).
Yocie Yoneshigue Valentin graduou-se em História Natural no ano de 1964 pela então Universidade do Brasil (atual UFRJ). Em 1985, obteve o título de doutora em Oceanografia Biológica pela Universidade do Mediterrâneo de Marselha, na França. É pioneira no estudo do uso de algas marinhas como fonte de fármacos, tendo sido premiada e citada em diversos trabalhos acadêmicos pelo reconhecimento de sua contribuição para a área.
Ao retornar ao Brasil, foi presidente da Sociedade Brasileira de Ficologia (SBFic), cargo que ocupou até 1989, quando passou a atuar como pesquisadora do Instituto de Estudos do Mar da Marinha até 1992. Nesse mesmo ano, iniciou sua carreira como professora adjunta no Instituto de Biologia da UFRJ, onde lecionou e coordenou pesquisas até se aposentar, em 2005.
Após esse período, presidiu o projeto Rede Algas, dedicado ao estudo em biotecnologia de macroalgas marinhas; coordenou o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Antártico de Pesquisas Ambientais (INCT-APA); e foi consultora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Rio de Janeiro (Faperj).
Entre as premiações concedidas, destacam-se a Medalha Mérito Tamandaré, condecorada no ano de 2012 pela Marinha do Brasil em gratidão aos relevantes serviços prestados ao país, e o prêmio Marta Vannucci para Mulheres na Ciência do Oceano, na categoria Cientista Inspiração, entregue pela Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano em 2021.
Atualmente, Yocie é membro do Comitê Nacional para Pesquisas Antárticas (Conapa) e professora bolsista de produtividade sênior em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que, em 2019, a reconheceu como uma das pioneiras da ciência no Brasil. Mesmo aposentada, segue colaborando com pesquisas do Departamento de Botânica da UFRJ.
*Este texto é resultado das atividades do projeto de extensão “Laboratório Conexão UFRJ: Jornalismo, Ciências e Cidadania” e teve a supervisão do jornalista Victor França