Nísia e Noca serão homenageados nas comemorações dos 100 anos da UFRJ
Por Victor França
O Conselho Universitário (Consuni), órgão máximo da UFRJ, aprovou, na sessão da última quinta-feira (27/8), a concessão dos títulos de professora honoris causa à presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, e de doutor honoris causa a Noca da Portela, pela relevância de suas atuações para a ciência e a cultura nacional, respectivamente. A decisão dos conselheiros foi unânime, com direito a salva de palmas na sessão virtual.
Nísia e Noca serão homenageados na semana que vem, durante as programações on-line do centenário da UFRJ, e a entrega dos títulos ocorrerá em data a ser programada.
Nísia Trindade, nova professora honoris causa da UFRJ
Servidora da Fiocruz desde 1987, Nísia iniciou seu mandato como presidente da Fiocruz em 2017, sendo a primeira mulher a ocupar o posto em 120 anos de história da instituição, uma das principais do mundo quando se fala em pesquisa em saúde pública.
Nísia é doutora em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e conta com largo currículo em defesa da ciência no país.
Durante seu mandato como presidente, vem destacando o papel da instituição na comunidade global de saúde. Nísia participa de programas e redes internacionais nas áreas de história da ciência e história da saúde. Ela integra, ainda, a Zika Alliance Network (2018), um consórcio de pesquisa multinacional.
Noca da Portela, novo doutor honoris causa da UFRJ
Compositor, cantor e instrumentista brasileiro, Osvaldo Alves Pereira, o Noca da Portela, começou cedo a compor: aos 15 anos de idade, já atuava na Escola de Samba Unidos do Catete, vencedora do carnaval com o samba-enredo O Grito do Ipiranga, sua primeira nota dez.
Ainda que o pai − o professor de violão Ernesto Domingos de Araújo − não o tenha incentivado a seguir a carreira artística, preocupado com o futuro financeiro do filho, não teve jeito. Noca abriu as alas da sua vida para fazer cultura: lançou mais de 400 músicas e oito álbuns, ganhou sete disputas de samba-enredo pela Portela e sua obra se destaca por abordar temas sociais e raciais do país.
Noca escreveu sambas-enredo e vários sambas de vulto nacional, como Virada, consagrado por Beth Carvalho e considerado um símbolo da luta pela democratização do Brasil.
Ao lado do professor Roberto Medronho, Noca compôs o samba comemorativo do centenário UFRJ, 100 Anos de Arte, Ciência e Balbúrdia:
Olha a Minerva de novo aí
Eu vou cair de corpo e alma na folia
São 100 anos de existência
E resistência
Com arte, ciência e consciência
Quero esquecer os desenganos
Que passei nesses anos
De golpe na democracia
Vamos dar um basta na tristeza
Virar a mesa
com alegria e autonomia
Direito, Medicina, Engenharia
Formaram a primeira Academia
Hoje democratizou, é multicor
Demorou pro trabalhador virar doutor
Eu quero sonhar
Criar um futuro melhor
Vou fazer balbúrdia
Pra sair dessa pior
Fonte: www.ufrj.br