UFRJ tem parceria com Itamaraty para atuar no Acordo Global dos Plásticos

Apoio fornecerá entendimento técnico para que o país possa apresentar contribuições pertinentes à realidade brasileira na busca por soluções para o impacto dos plásticos

Por João Guilherme Tuasco – Fonte: www.ufrj.br

O Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano (IMA/UFRJ) e o Ministério das Relações Exteriores do Brasil formaram uma parceria para contribuir com o Acordo Global de Plásticos da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas por ano, e o descarte inadequado do material gera impactos ambientais. Na busca por uma solução para o problema, o Brasil pretende colaborar com o acordo por meio do conhecimento técnico do Instituto e da Sociedade Brasileira de Química (SBQ).

O IMA busca sugerir e ampliar aspectos técnicos do primeiro rascunho do acordo, o zero draft. Para a professora Maria Inês Bruno Tavares, diretora do Instituto e coordenadora das ações, a primeira versão do documento não oferece o destaque devido à educação ambiental, à reciclagem e à capacidade de substituir tipos de polímeros por materiais biodegradáveis. A possibilidade de a UFRJ colaborar com esse processo representa “o reconhecimento do trabalho desenvolvido com base no conhecimento e expertise”, afirma a professora.

“O IMA está em determinado patamar em função de todo o conhecimento que a professora Eloisa Mano trouxe para o Instituto. A maior importância é ajudar o país não só no conhecimento para geração de uma cultura na área de reciclagem, mas para o reúso. Além disso, há também o foco na educação ambiental”, afirma Tavares.

As ações fazem parte de um projeto de extensão que conta com a colaboração dos professores e pesquisadores Alexandre Carneiro Silvino, Emerson Oliveira da Silva, Luis Claudio Mendes, Marcos Lopes Dias e Maria Inês Bruno Tavares. Algumas das ideias sugeridas pelo grupo são substituir, sempre que possível, os polímeros sintéticos por biodegradáveis na cadeia produtiva, aumentar o uso de materiais recicláveis na composição de novos produtos e identificar nos rótulos todos os tipos de materiais existentes nas embalagens. A identificação é importante para que seja mais fácil saber o que pode ser reutilizado ou reciclado. O IMA iniciará um processo de ensino aos  profissionais que fazem reciclagem no Hangar, na Cidade Universitária, para que reconheçam as diferenças entre os materiais plásticos e o seu potencial financeiro, uma vez que “pode haver um valor agregado e não se deve jogar fora. Se você não conhece, descarta de qualquer jeito”, ressalta a professora.

Juntamente com a Chatham House, organização não governamental que auxilia pesquisas de importância política e global, o IMA e a SBQ produziram material, com definições básicas dos produtos plásticos, e perguntas sobre o impacto dos plásticos para o público geral. Com a parceria do Itamaraty, o IMA trabalha na definição dos critérios técnicos para caracterizar os tipos de plástico, compreendendo quais são problemáticos, desnecessários ou de uso único. A ideia é que o Brasil possa, dentro da sua realidade, fazer parte e cumprir com as diretrizes do acordo. A meta para aprovação do texto final é 2024.

O plástico no Brasil

De acordo com dados do Perfil 2022 da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), o Brasil é responsável por 2% da produção mundial de plástico, fabricando 6,7 milhões de toneladas. São mais de 11 mil empresas do setor, que empregam mais de 340 mil brasileiros e faturam 117,5 bilhões de reais.

As indústrias que lidam com polímeros no Brasil também analisaram o primeiro rascunho do Acordo Global de Plásticos e sugeriram modificações para o Itamaraty. A professora Maria Inês Bruno Tavares deseja que as contribuições brasileiras sejam cautelosas em relação à redução dos plásticos. “Concordo plenamente que tem que haver mudanças, e as empresas estão cientes disso. A gente quer que as empresas se mantenham, possam crescer ainda mais e se modernizem. Além disso, devemos impulsionar a ação recicladora, para que possam transformar materiais que têm uso curto em materiais de longo tempo de uso”, finaliza.

*Sob a supervisão do jornalista Sidney Rodrigues Coutinho.